terça-feira, 25 de novembro de 2014

Um País que não tem forma de manter a fé

As últimas semanas têm sido férteis em acontecimentos infelizes. Primeiro o gravíssimo escândalo dos vistos dourados, que atinge o coração do nosso Estado;
Depois, PSD e PS decidem fazer ‘haraquíri’ com a questão da reposição das subvenções aos deputados, transformando novamente o Parlamento numa torre de marfim isolada de um País trucidado por anos de austeridade; e, por último, a muito pública detenção de José Sócrates, o antigo primeiro-ministro que polariza opiniões como mais ninguém neste país.
Independentemente do desfecho destes processos - e são tudo coisas radicalmente diferentes em termos de ritmo e de importância - esta sucessão de acontecimentos é um murro no estômago dos cidadãos e na sua capacidade de acreditar nas elites que dirigem este País, com o poder político à cabeça.
Muito do mal está já feito, por mais que seja essencial defender a presunção de inocência daqueles que não foram sequer ainda acusados (não nos esqueçamos disto). Resta exigir que a Justiça seja rápida, competente, e que defenda o interesse do Estado e, acima de tudo, a lei. Infelizmente, mesmo isso poderá não ser suficiente para restaurar qualquer tipo de fé dos cidadãos nos poderes que vêm liderando Portugal nas últimas décadas. E, sem essa fé, tudo fica mais difícil, para um País que ainda tem tantos e tão complicados desafios pela frente.
Editorial,Económico 

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