As
últimas semanas têm sido férteis em acontecimentos infelizes. Primeiro o
gravíssimo escândalo dos vistos dourados, que atinge o coração do nosso Estado;
Depois, PSD e PS
decidem fazer ‘haraquíri’ com a questão da reposição das subvenções aos
deputados, transformando novamente o Parlamento numa torre de marfim isolada de
um País trucidado por anos de austeridade; e, por último, a muito pública detenção
de José Sócrates, o antigo primeiro-ministro que polariza opiniões como mais
ninguém neste país.
Independentemente do
desfecho destes processos - e são tudo coisas radicalmente diferentes em termos
de ritmo e de importância - esta sucessão de acontecimentos é um murro no
estômago dos cidadãos e na sua capacidade de acreditar nas elites que dirigem
este País, com o poder político à cabeça.
Muito do mal está já
feito, por mais que seja essencial defender a presunção de inocência daqueles
que não foram sequer ainda acusados (não nos esqueçamos disto). Resta exigir
que a Justiça seja rápida, competente, e que defenda o interesse do Estado e,
acima de tudo, a lei. Infelizmente, mesmo isso poderá não ser suficiente para
restaurar qualquer tipo de fé dos cidadãos nos poderes que vêm liderando
Portugal nas últimas décadas. E, sem essa fé, tudo fica mais difícil, para um
País que ainda tem tantos e tão complicados desafios pela frente.
Editorial,Económico
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