terça-feira, 29 de abril de 2014

Rotura social e governação por anúncio

O recurso às cantinas sociais aumentou 33% num ano. Vai em quase 50 mil pessoas por dia.
Em simultâneo com a afinação da ilustre reforma do Estado e do já famoso DEO – que em substância será a passagem a definitiva de toda a austeridade anunciada como provisória acrescida da eliminação de mais uma série de funcionários públicos –, o governo entrou na fase de lançar anúncios optimistas, enquanto os mais pobres vêem as suas situações agravadas.
A época pré-eleitoral que se vive tem sido explorada pelo executivo não com medidas efectivas de alívio do que quer que seja, mas com o anúncio de que está a preparar decisões concretas para o futuro próximo. É a arte do dois em um. Anuncia-se agora com tambores e trombetas que se vai adoptar uma nova política que favorecerá os mais pobres num futuro relativamente próximo. Remete-se, porém, a concretização para o ano que vem. Há assim dois ganhos possíveis no plano eleitoral: um imediato em véspera de europeias e outro mais para a frente quando se aproximarem as legislativas de 2015 e se efectivarem as medidas. Nada mau para quem se dizia indiferente aos ciclos eleitorais, embora se duvide que a saturada população portuguesa – sejam os pobres, sejam os remediados ou até os da classe média – ainda se deixe embalar por cantos de sereia.
A estratégia comunicacional passa também por anunciar…ler artigo complecto

Eduardo Oliveira Silva, jornal i

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O fisco é uma arma

A receita fiscal subiu 4,5 por cento nos primeiros três meses do ano.
Os cofres do Estado arrecadaram mais de oito mil milhões de euros e o Governo exulta. A eficácia fiscal é sempre uma boa notícia desde que associada a uma ideia de justiça, o que não parece ser o caso português. A subida da receita foi obtida essencialmente à conta de impostos que oneram a classe média e os trabalhadores por conta de outrem (IRS, IMI e impostos indiretos). A eufemisticamente chamada factura da sorte também deu um bom contributo. O Fisco prova na plenitude que é uma arma. Não contra a burguesia, como a cantiga há 40 anos, mas para confiscar o rendimento de quem trabalha.
Eduardo Dâmaso - CM

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Brincar com as pensões

As pensões têm sido a geografia política de um combate que está muito para lá da necessidade de arrumar as contas do Estado.
Para o Governo, as pensões são o privilégio inaceitável dentro da receita salazarista de pobres e remediados que defendem para este País. Não temos vida para ganhar tanto quando arrumamos as botas. Por isso andam a dar-lhes machadadas e preparam o golpe final. A troika impôs a receita a que ideologicamente aderiram e só não a aplicaram já porque estão em campanha. Por isso têm andado neste joguinho infantil do é-mas-não-é que Bruxelas periodicamente desmente. Também por isso estão a ultrapassar todos os patamares da falta de decoro em política.
Eduardo Dâmaso, Director-adjunto CM

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uma questão de prioridade

Uma senhora idosa estava no convés de um navio de cruzeiro, segurando seu chapéu firmemente, com as duas mãos, para não ser levado pelo vento.
Um cavalheiro se aproxima e diz:
- Me perdoe, senhora...não pretendo incomodar, mas a senhora já notou que o vento está levantando bem alto o seu vestido?
- Já, sim, mas é que eu preciso de ambas as mãos para
segurar o chapéu.
- Mas, senhora... A senhora deve saber que suas partes íntimas estão sendo expostas! - disse o cavalheiro.
A senhora olhou para baixo, depois para cima, e respondeu:
- Cavalheiro, qualquer coisa que o Sr. esteja vendo aqui em baixo tem 85 anos. O chapéu eu comprei ontem!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Salário mínimo

Na expressão do deputado Nuno Magalhães (CDS), o Estado está
"juridicamente impedido" pela troika de aumentar o salário mínimo nacional.
O mesmo Estado, que fez da austeridade um contrato unilateral imposto coercivamente, não está "juridicamente impedido" de gastar dinheiro em frotas de carros de luxo para o Banco de Portugal e para tudo o que é empresa do sector empresarial público. Ou em rendas de energia que levam o couro e o cabelo aos contribuintes. Para já não falar das PPP ou dos milhões gastos com escritórios de advogados e quejandos. Mas o mesmo Estado não pode aumentar os 485 euros do salário mínimo. A falta de pudor devia pagar imposto.
Eduardo Dâmaso, director-adjunto CM

terça-feira, 8 de abril de 2014

Antiga mas sempre actual

Um elefante vê uma cobra pela primeira vez. Muito intrigado pergunta:
- Como é que fazes para te deslocar? Não tens patas...
- É muito simples - responde a cobra - rastejo, o que me permite avançar.
- Ah... E como é que fazes para te reproduzires? Não tens tomates...
- É muito simples - responde a cobra já irritada - ponho ovos.
- Ah... E como é que fazes para comer? Não tens mãos nem tromba para levar a comida à boca...
- Não preciso... Abro a boca assim, bem aberta, e com a minha enorme garganta engulo a minha presa directamente.
- Ah... Ok! Ok! Então, resumindo.... Rastejas, não tens tomates e só tens garganta... és deputado de que partido ?

domingo, 6 de abril de 2014

A escolha do velho alentejano

Um velho alentejano começou a ter umas maleitas, que lhe afectavam o andar.
Preocupado, foi ao Centro de Saúde e marcou uma consulta.
O clínico recebeu-o, auscultou, fez-lhe perguntas.
Olhou para ele, fixamente, e inquiriu-o:
- Sr. Zé, se pudesse escolher, preferia ter Parkinson ou Alzheimer?
- Parkinson, Sr. Doutor! Prefiro entornar metade do copo do que esquecer onde está a garrafa do vinho!...

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Durão Barroso quer voltar a dar tanga aos portugueses!

É público e notório que considero Durão Barroso como um exemplo negativo do que deve ser um político. De facto, Barroso concentra todos os defeitos que eu critico na classe político, nomeadamente aquele que aponto como o mais repugnante: o de ser fraco para dar a aparência de força. Passos a explicar: Durão Barroso, se analisarmos com rigor e cuidado analítico, concluiremos facilmente que a sua estratégia para subir na política foi sempre a de ser alguém fraco, oportunista, que se adapta às circunstâncias, sempre a pensar no seu interesse pessoal, que não olha a meios para atingir os seus fins e que, através de influências várias, chegou a Primeiro-Ministro de Portugal e a Presidente da Comissão Europeia. Se Durão Barroso chegou a Presidente da Comissão, significa que este cargo não pode ser muito relevante politicamente - é um cargo insignificante. E Durão Barroso honrou essa qualidade: foi um Presidente banalíssimo, temeroso, que não soube reagir às circunstâncias políticas, económicas e sociais, sem iniciativa, vergando-se a Angela Merkel. Enfim, Durão Barroso limitou-se a ser Durão Barroso - não podíamos esperar algo muito melhor quando o personagem político é, já por si, fraco e facilmente influenciável. E qual será o futuro de Durão Barroso depois de Outubro? Pois bem, Durão já anda a planear a sua vida pós-Comissão. Para esse efeito, decidiu conceder uma entrevista ao EXPRESSO, publicada no sábado. Evidentemente, o objectivo foi o de se reposicionar para um regresso à vida política portuguesa. (Ler tudo)
João Lemes Esteves, Expresso