terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Que 2014 dê aos portugueses;

Melhores políticos,
                            Menos ladrões,
Mais empregos,
                           Menos fome.
Para todos;


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Piada fim de ano!


Diz o empregado à sua colega loira:
- Conheço uma forma de conseguir uns dias de férias!
Curiosa a loira pergunta:
- E como é que você vai fazer isso?
E responde o colega:
- Vou demonstrar.
Nisto, ele sobe para uma viga e pendurou-se de cabeça para baixo. Nesse momento o chefe entra, vê o empregado pendurado no tecto e pergunta:
- Que diabos! O que está a fazer?
- Sou uma lâmpada. – Respondeu o empregado.
Preocupado com a saúde mental do empregado o chefe diz:
- Hummm… acho que você precisa de uns dias de férias. É melhor ir para casa.
Ouvindo isto, o homem desceu da viga e dirigiu-se para a porta. A loira preparou-se imediatamente para sair também.
O chefe puxou-a pelo braço e perguntou-lhe:
- Aonde você pensa que vai?
E responde a loira:
- Eu vou para casa! Não consigo trabalhar às escuras…

sábado, 28 de dezembro de 2013

Passos natais passado.

Fernanda Câncio, DN
Em 2010, na oposição, Passos garante que, devido à crise, lá em casa só haverá presente para "a mais nova". "Foi um ano muito duro", diz no vídeo de Natal. "Pelo desemprego, pelo aumento dos impostos, na redução dos salários, na quebra do investimento. Enfim, é um período de grande tensão e de incertezas tanto para os mais jovens como para os menos jovens." Com o IVA a aumentar um ponto percentual nos três escalões e o IRS a subir para todos com um novo escalão de 45% acima dos 150 mil euros, o ano fecha com desemprego de 10,8%, dívida pública de 92,4%, e PIB a crescer 1,9%.
2011: mensagem natalícia é já de PM. O que cortou meio subsídio a toda a gente e anuncia que em 2012 funcionários públicos e pensionistas ficarão sem os dois (Natal e férias). Medidas que não estavam nem no memorando nem no seu programa eleitoral, mas não o impedem de falar de confiança: "É um ativo público, um capital invisível, um bem comum determinante para o desenvolvimento social, para a coesão e para a equidade. São os laços de confiança que formam a rede que nos segura a todos na mesma sociedade. Um dos objetivos prioritários do programa de reforma estrutural do governo consiste precisamente na recuperação e no fortalecimento da confiança." Ano fecha com défice de 4,2% (abaixo do previsto), dívida pública 107,2%, desemprego 12,7%. PIB contrai 1,6%.
2012 é o ano do anúncio do aumento da TSU para trabalhadores, que cairá pela contestação, e do "enorme aumento de impostos" para 2013, depois do IVA no máximo para a restauração, eletricidade e gás. Se desemprego alcança 15,7%, respetivo subsídio é reduzido em duração e valor, como indemnizações por despedimento. RSI e Complemento Solidário para idosos sofrem cortes. Tudo ao contrário da mensagem natalícia do PM, que exorta "todos [a] fazer um pouco mais para ajudar quem mais sofre, quem perdeu o emprego" e a celebrar os 120 mil lugares vazios dos emigrantes: "Esta quadra natalícia será um momento especial para recordarmos aqueles que estão mais longe, ou aqueles que se afastaram de nós no último ano." Tanto sacrifício para défice subir aos 6,4%, muito acima do acordado, dívida pública atingir 124,1% e PIB contrair 3,2%.
2013, e eis Passos redentor: "Começámos a vergar a dívida externa e pública que tanto tem assombrado a nossa vida coletiva. Fizemos nestes anos progressos muito importantes na redução do défice orçamental, e não fomos mais longe porque precisámos dos recursos para garantir os apoios sociais e a ajuda aos desempregados." De facto: num ano cortou-se CSI a 4818 idosos pobres e no OE 2014 vêm mais cortes, também no RSI e ação social. Prevê-se 17,4% de desemprego, com o de longa duração e jovem a aumentar (por mais que o PM jure que se criaram 120 mil empregos). Dívida vai a 127,8%, PIB contrai 1,5% e défice deverá ficar em 5,9%, 1,4 pontos acima do acordado em 2012. Mas o Pedro vê cenas. Este ano, às tantas, até houve presentes para todos lá em casa.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Já se demitiam!

Pedro Nuno Santos, jornal i
Quem não consegue governar com a Constituição da República Portuguesa devia ir embora e deixar a governação para quem sabe e quer, de facto, cumprir a lei máxima de Portugal. Não há nada de especial com a Constituição do nosso país, os princípios que têm sido invocados pelo coletivo de juízes do Tribunal Constitucional, para o chumbo de várias normas, estão previstos em qualquer Constituição do mundo democrático. Os princípios da igualdade, da proporcionalidade e da confiança são os princípios que nos asseguram que vivemos num estado de direito, que nos protege de abusos, inclusivamente, de governos legitimamente eleitos. A nossa Constituição obteve até um raro consenso na sua origem em 1975, não teve um único voto contra - foi aprovada apenas com a abstenção do CDS.

É marcada pela história como qualquer outra no mundo, nenhuma foi redigida isolada do seu contexto histórico e as revisões servem para a adaptar ao avanço do tempo e importantes mudanças – talvez até demais – já foram feitas ao texto original. Depois de três Orçamentos do Estado com normas importantes declaradas inconstitucionais ficamos com a certeza de que somos governados por gente incompetente e provocadora, que brinca aos governantes num país de verdade, com pessoas de carne e osso e com problemas reais. A Constituição da República Portuguesa devia ser uma aliada do governo português nas suas negociações com a troika mas, em vez disso, é atacada. Devia ser um instrumento negocial mas é encarada como um obstáculo. Devia ser motivo de orgulho mas o governo pede desculpas por ela existir. O governo português deveria agora aproveitar este chumbo para exigir uma flexibilização da meta orçamental para 2014 e, desta forma, proceder como o governo alemão, que de cada vez que quer travar uma reforma importante na zona euro invoca o seu próprio Tribunal Constitucional.  

domingo, 22 de dezembro de 2013

Os filhos mandam nos pais.


Inês Teotónio Pereira, jornal i
Pai e mãe que façam o que bem lhes apetece ao fim-de-semana são seres em vias de extinção, uns resistentes do antigo regime
Os filhos de hoje são uma espécie de hitlerzinhos sem bigode, uns verdadeiros déspotas domésticos. A época em que os filhos temiam os pais acabou e assistimos agora a um período revolucionário doméstico em curso (PRdEC). Hoje quem manda são os filhos; os pais foram depostos e vivem sujeitos a uma espécie de escravatura dos filhos.
Num destes dias, durante esta época feliz em que os pais correm freneticamente nos centros comerciais para satisfazerem os desejos dos filhos a propósito do Natal, deparei-me com a cena da Sara (de 13 anos no máximo) e da mãe. Estava a Sara a experimentar chapéus ao espelho de uma loja enquanto a mãe esperava pacientemente que ela deixasse de fazer posses e escolhesse um dos chapéus. A criança vestia calções do tamanho de umas cuecas, umas meias cuidadosamente rasgadas e uma camisola que não lhe tapava o umbigo. Sem dúvida que estava na moda. Está claro que o chapéu preferido acabou por ser o mais caro, 50 euros. A mãe, de semblante carregado, chamou a atenção da menina para o facto de o chapéu ser muito caro e perguntou-lhe se ela não podia escolher outro. Qual quê: "É deste que eu gosto por isso é este que me vais dar." E assim foi: a mãe obedeceu, pagou e calou-se.
Fui dali para outra loja e travei conhecimento com outra menina mais ou menos da mesma idade. Esta passeava-se com um telemóvel última geração, uma mochila de marca de surf, uns cabelos compridos e lisos como elas todas usam e calções do tamanho dos da outra. A criança dava guinchos ao mesmo tempo que falava com duas amigas em simultâneo (através do telemóvel) e mostrava-se excitadíssima porque a música que tocava naquela loja era dos One Direction (razão que a levou a ligar às amigas). O pai e a mãe, entretanto, esperavam à porta da loja que a música acabasse para se poderem ir embora: é que a filha só saía dali quando a música acabasse.
De histórias como estas estão as escolas, os centros comerciais e as famílias portuguesas cheias. São os filhos quem mais ordena e não há reforma agrária, operários ou nacionalizações que se lhes comparem. A luta da filharada, ao contrário da luta do operariado, está mais que ganha. Um filho de hoje faz o que quer, tem o que quer, come o que quer e não recebe ordens de ninguém. Os pais obedecem. Eles acham que os desejos dos seus meninos e meninas são ordens e cumprem--nas. As regras que imperam são as regras dos gostos: se eles gostam tem de ser assim. Tudo o resto é secundário, como por exemplo o acordo dos pais. Um pequeno exemplo desta realidade são os fins-de-semana. Aos fins--de-semana os pais entretêm-se com quê? Com passear os meninos entre festas e eventos desportivos das inúmeras actividades em que a criançada participa. Pai e mãe que façam o que bem lhes apetece ao fim-de-semana são seres em vias de extinção, uns resistentes do antigo regime. É por isso que ter filhos hoje em dia é considerado uma loucura - ninguém adere por opção à condição de escravo.
A verdade é que o regime familiar não é democrático, nunca foi: dantes mandavam os pais, agora mandam os filhos. Mas daqui a uns anos logo veremos qual é o melhor regime - os nossos filhos o dirão

sábado, 21 de dezembro de 2013

Partilha!


José Diogo Madeira, jornal i
Nunca como agora partilhámos tanto. Ideias, fotos, vídeos, tudo é partilhado em massa através das redes sociais que por aí pululam. São trocas simples, à distância de um clique, mas que criam tendências, propagam músicas e novidades, contam a nossa vida a quem passa pela net. Se gostas disto, partilhas. Se queres mostrar aquilo, partilhas. É uma cultura de partilhas, tudo o que vem à rede é rapidamente partilhado para construir o mundo como gostamos de o imaginar. Mas quando desligamos os portáteis e saímos à rua vemos um país desequilibrado, em que crescem as vendas de automóveis de luxo e o número de gente que dorme pelas calçadas.
As desigualdades económicas e sociais tornaram-se bem evidentes e aqui não se fala de partilha, mas de sobrevivência. Quem tem não quer perder; quem já não tem já nada quer. É uma sociedade deslumbrada pela forma fácil como tudo se move rapidamente pelas redes digitais, mas que cava trincheiras profundas no terreno. E não se pode esperar que os portugueses consertem o país da mesma forma ligeira como partilham pelo Facebook.

Portugal é um país de gente solidária, em que os remediados vão dando o pouco que lhes sobra aos pobres. Mas estas pequenas e generosas partilhas não conseguem retirar da pobreza os milhares que nos últimos anos caíram nela e não conseguem refazer as suas vidas. Portugal precisa de dar empregos a quem precisa, um tecto a quem está nas ruas, um futuro às crianças que estão na escola e uma reforma digna a quem já não trabalha. Claro que este investimento custa dinheiro e alguns dirão que agora não há financiamento para isto. Mas quando há vontade e bons projectos o dinheiro aparece sempre. Basta tirar de uns lados para colocar nos outros. Ou seja, fazer a gestão política dos recursos (por escassos que sejam), colocando-os onde fazem mais falta. Partilhar também é isto.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A bomba atómica que veio do Tribunal!


Ana Sá Lopes, jornal i
Ao invocar o princípio da confiança, o TC chumba rotundamente o governo
Um governo que é contra a Constituição pode governar? Pode, mas dá imenso trabalho a toda a gente. Foi o que voltou a acontecer ontem com o previsível chumbo da lei das pensões que o tribunal "político" da Rua do Século acabou por decidir por unanimidade. Ao invocar o "princípio de confiança" - que tem sido desmanchado a torto e a direito no espaço público desde a entrada da troika, o Tribunal, esse sim, mostra que apesar de tudo há linhas vermelhas. Assaltar velhinhas com uma lei armadilhada não é um programa.
Esta decisão deu imenso trabalho a muita gente, muito para além das horas de trabalho dos juízes do Tribunal (e dos assessores jurídicos da Presidência da República). Nas vésperas da decisão foi montado um duro trabalho de cerco ao Tribunal realizado pelo governo em coligação com as "instâncias internacionais", vulgo "os nossos credores". Não houve ave rara que não se tivesse pronunciado sobre o cataclismo que se seguiria a uma decisão negativa do Tribunal Constitucional. Perante a dimensão homérica do cerco, as declarações dos responsáveis do PSD e do CDS feitas ontem à noite depois de conhecida a decisão do TC quase pareceram moderadas.

O problema do princípio da confiança - agora invocado pelo Tribunal Constitucional - é que tem sido violado sistematicamente pelas instituições desde que passámos a ser, como diz o vice-primeiro-ministro, "um protectorado". O próprio Tribunal Constitucional não deixou de violar esse princípio da confiança quando chegou a viabilizar o Orçamento que retirou os subsídios da função pública em nome das difíceis condições que o país vivia. Foi um momento que o governo sonhou que o tribunal repetisse: o Tribunal Constitucional aceitaria coisas inconstitucionais em nome dos "nossos credores" ou do défice, da troika ou da nossa permanência no euro. O TC decidiu não repetir o erro e não violar o princípio na sua própria "confiança" à luz da Constituição. Mas - mesmo não se sendo contra a Constituição, como o é a maioria dos governantes - há aqui um problema. A nossa Constituição é compatível com as alucinadas exigências dos "nossos credores"? A nossa Constituição é compatível com a transferência de decisões nacionais para o eixo Bruxelas-Berlim? A nossa Constituição é compatível com a reformulação dos tratados feita na clandestinidade nas instâncias europeias depois da crise? Infelizmente, Passos Coelho tem razão numa coisa: não é compatível. E agora, que fazer?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Nasceu na década de 60 ou de 70? É provável que fique mais pobre do que os seus pais.

  
Eva Gaspar, J. Negócios
A convicção de que as gerações seguintes podem, em regra, esperar ter um nível de vida superior ao das anteriores quando chegam à idade da reforma estará a cair por terra. Um estudo britânico sugere que esse “salto” ficará cada vez mais reservado a quem é herdeiro.
Se nasceu na década de 60 ou de 70, o mais provável é que na idade da reforma tenha um nível de vida inferior ao dos seus pais, a menos que tenha herdado património. Ser herdeiro deverá, aliás, passar a ser o factor com maior peso para determinar se o nível de vida dos futuros reformados será ou não melhor face à da actual geração de aposentados.
 Esta é a conclusão para os britânicos de um estudo do institute for Fiscal Studies (IFS), divulgado nesta terça-feira, 17 de Dezembro. “A riqueza herdada deverá ser o único factor de peso que poderá fazer com que, em média, os indivíduos nascidos na década de 1960 e 1970 fiquem numa melhor situação na reforma do que os predecessores”.
 O estudo perspectiva a evolução do nível de vida relativo dos britânicos partindo de constatações que tenderão a ser observáveis noutros países do mundo desenvolvido.
 Refere o IFS que, quando se compara quem nasceu na década de 60 e 70 com quem nasceu uma década antes, chega-se à conclusão de que, com a mesma idade, as gerações mais recentes “não levam mais rendimento para casa, não poupam mais, são menos susceptíveis de serem donos das casas onde vivem, provavelmente terão uma pensão privada menor e irão descobrir que os sistemas públicos irão substituir uma porção menor dos seus anteriores rendimentos”.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O paradoxo do FMI.

Armando Esteves Pereira, director-adjunto CM
Ensinaram-nos que quem não aprende com os erros é burro ou simplesmente imbecil.
Mas quando chegamos ao nível de uma instituição cheia de mentes brilhantes como é notoriamente o caso do FMI, não há explicação para esse paradoxo.
A diretora geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, admitiu o erro quanto aos efeitos da austeridade nos países mais frágeis da Europa, entre os quais Portugal. Este erro de cálculo traduziu-se em menos PIB, que é menos riqueza, e mais desemprego.

O erro é óbvio e nem seria preciso o ‘mea culpa' para o confirmar. Só em Portugal a realidade de mais de um milhão de pessoas que na realidade não têm emprego, ou das dezenas de milhares obrigadas a emigrar, confirma que a austeridade teve uma pesada fatura.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Vencer o medo.


Paulo Morais, professor universitário
O poder político baixa salários e pensões, ameaçando com um novo resgate ao estado português.
O medo. Tomou conta da sociedade portuguesa, domina a vida de todos nós. Os desempregados vivem com o medo de quem não tem perspetiva de vida futura. Os que ainda mantêm o emprego, com medo de o perder. Muitos deles, angustiados perante a possibilidade de chegar ao fim do mês e de não receberem o dinheiro de que necessitam para sobreviver. Receosos de perder o carro cuja prestação não podem pagar, vivem ainda o pânico de ficar sem casa, pois não conseguem assumir as responsabilidades decorrentes da hipoteca.
Os reformados temem pela vida dos filhos desempregados, a quem já não podem acudir porque lhes baixaram os rendimentos. Casais desempregados, tomados pela depressão, entram pelos caminhos da violência doméstica, arruínam uma vida que tanto lhes custou a construir e vivem no pavor de perder o contacto com os filhos.
Há até receio de conversar. As pessoas sussurram nos cafés o que não têm coragem de proclamar em voz alta. Em muitas repartições públicas impera a "lei da rolha", as pessoas estão impedidas de falar e até de pensar, sob pena de sofrerem represálias. Também a vida empresarial é dominada pelo medo. Os pequenos e médios empresários, exauridos com tantas dificuldades decorrentes da recessão e da carga fiscal, sabem que para sobreviver dependem dos subsídios, dos pagamentos do estado, dos créditos bonificados que nunca chegam. Estão reféns dos mangas-de-alpaca da administração pública, deles dependendo a sobrevivência das suas empresas. Uma sociedade onde impera o medo está vulnerável a todo o tipo de demagogia.
O poder político toma medidas coatando a população: baixa salários e pensões, ameaçando com um novo resgate ao estado português; aumenta impostos de forma arbitrária e inconsequente. E chantageia, coage, tentando convencer a opinião pública que a alternativa a este poder seria o caos. Replica em democracia os piores tiques dos ditadores. Não é possível edificar uma verdadeira democracia com uma multidão de mulheres e homens prisioneiros do medo.
Só quando um povo vence o medo, o regime teme pelo seu futuro. E só então se regeneram e implementam as políticas que verdadeiramente respeitem a vontade popular.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Parlamento Blindado.

Eduardo Dâmaso, Director- adjunto CM
Os partidos da maioria estão preocupados com os protestos nas galerias do Parlamento. Em conferência de líderes, decidiram encomendar estudos sobre a forma como outros parlamentos recebem o povo.
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, dizia há dias que as pessoas iam bater à porta do Parlamento em busca de esperança, mas agora deve estar desiludida com o povo... Estas criaturas estariam à espera de quê? Perante uma das crises mais agressivas da nossa história, muita sorte tem tido o Governo com a temperatura da rua. A menos que queiram um parlamento blindado, não se entende que seja preciso ‘estudar’ a forma como outros tratam o seu povo.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O remorso!

Vasco Graça Moura – DN
Vemos a cada dia que passa que os portugueses não sabem nada, ou praticamente nada, sobre o seu país. A ignorância histórica atinge as raias da obscenidade. Quando muito refastelamo-nos nuns ecos idiotas do tempo dos Descobrimentos, mal sabendo do que estamos a falar. Da Geografia, seja física, seja humana, ainda menos. Não conhecemos bem o território que habitamos, nem a relação da nossa vida com ele. Temos uma frequência sumariamente turística e petisqueira com alguns lugares mais promovidos.
Da cultura portuguesa e no que toca às artes, fora este ou aquele monumento mais visitados ao domingo durante a volta dos tristes, somos de uma fúnebre obtusidade. Da língua, estamos falados. Não me refiro apenas ao desconhecimento da sua história. Sucessivas gerações ligadas ao ensino têm dado cabo dela e contribuído para o seu abastardamento. Práticas diárias na comunicação social coadjuvam essa torpeza. É estropiada por toda a gente em todas as áreas do quotidiano e do saber. Da Literatura, depois de décadas em que o ensino andou divorciado dela ou se dedicou a exercícios metodológicos que corresponderam ao seu assassínio progressivo, vivemos numa ignorância deprimente.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Amigo, amigo... mas sem negócios.

Conversa entre os amigos Manel e Zé.
Diz o Manel:
-Ou tu me pagas o que deves, ou então escusas de falar mais.
Responde o Zé com descontração:
-Escusas de te preocupar com isso. Não te falo mais.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

sábado, 7 de dezembro de 2013

Muitas vezes não damos conta...


“Pai, posso pedir-te emprestado 10 euros”

Um homem chegou a casa do trabalho, cansado e irritado, quando encontrou o seu filho à espera na porta.
Filho: -Papá, posso fazer-te uma pergunta?
Pai: -Claro que sim, o que foi? - disse o homem
Filho: -Papá, quando ganhas por hora?
Pai: -Não tens nada a ver com isso. Porque é que perguntas uma coisa dessas? - disse o homem furioso
Filho:- Apenas quero saber. Diz-me por favor quanto ganhas por hora?
Pai: -Já que queres saber ganho 20 euros por hora.
Filho: -Oh! - respondeu a criança, cabisbaixo
Filho: -Papá, posso pedir-te emprestado 10 euros?
Agora, o homem estava furioso - Se a única razão pela qual tu perguntaste isso foi para te emprestar dinheiro para comprar um brinquedo qualquer sem jeito nenhum, vai já imediatamente à minha frente para o teu quarto e vai para a cama. Pensa porque és tão egoísta! Eu não ando a trabalhar todos os dias para estas palermices!
A criança foi silenciosamente para o seu quarto e fechou a porta.
O homem sentou-se e começou a ficar ainda mais chateado com as perguntas do seu filho. Como é que ele se atreve a perguntar aquelas coisas apenas para ter algum dinheiro?!
Meia hora depois, o homem acalmou e começou a pensar:
Talvez exista alguma coisa que ele queira comprar com os 10 euros e já que ele não me pede dinheiro tantas vezes, o homem dirigiu-se à porta do quarto do seu filho e abriu a porta.
Pai: -Estás a dormir? - perguntou o homem
Filho: Não papá, estou acordado - respondeu a criança
Pai: -Estive a pensar e acho que fui muito duro contigo. Foi um dia grande de trabalho e descarreguei em cima de ti. Aqui está a nota de 10 euros que me pediste - disse o homem
A criança sentou-se na cama a sorrir e disse: -Oh papá! Muito obrigado! -exclamou
Depois, levantou a almofada e tirou duas notas de cinco euros amarrotadas.
O homem viu que a criança tinha dinheiro e começou a ficar novamente chateado.
A criança começou a contar o dinheiro e depois olhou para o seu pai.
Pai: -Porque é que queres mais dinheiro se já tens algum? - perguntou o homem furioso.
Filho: -Porque não tinha suficiente, mas agora já tenho - respondeu a criança.
Filho: -Papá, agora tenho 20 euros. Posso comprar uma hora do teu tempo?
Anda para casa amanhã mais cedo. Adorava jantar contigo.
O pai ficou completamente emocionado. Abraçou o seu filho e pediu-lhe desculpa.
Nota: Este é um pequeno lembrete para todos nós que trabalhamos muito duro na vida. Temos de agarrar o nosso tempo e passá-lo com as pessoas que são mais próximas do nosso coração. Lembra-te de partilhar os 20 euros do teu tempo com alguém que tu realmente amas.
Se morreres amanhã, a empresa onde trabalhas pode facilmente substituir-te numa questão de horas. Mas a família e os amigos que deixamos para trás vão sentir a nossa perda para o resto das suas vidas.
(Retirado do facebook-Eu sou português)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Rir faz bem á saúde!


O  P. Coelho foi à festa de um empresário importante mas, ao
chegar à enorme mansão, foi barrado pelo segurança.
- Desculpe, senhor, mas sem convite não posso deixá-lo entrar.
- Mas, eu sou o Passos, o Primeiro-ministro!
- Então, mostre-me os seus documentos.
- É que também não tenho os documentos, esqueci-me da carteira.
- Desculpe-me, mas não vou poder deixá-lo entrar!
- O quê? O senhor nunca me viu na TV? Olhe bem para a minha cara!
- De facto, o senhor é muito parecido com o Primeiro-ministro, mas
sabe como é... existem muitos sósias do Passos por aí... O senhor
vai ter de provar que é realmente o Passos Coelho.
- Mas o que quer que eu faça?
- O Senhor é que sabe! O Cristiano Ronaldo também se esqueceu dos
documentos, eu dei-lhe uma bola de futebol e ele fez uma demonstração que logo me convenceu.
A Mariza também se esqueceu dos documentos e fez uma demonstração a cantar fado que provou ser quem dizia ser.
-Bolas, mas eu não sei fazer nada!
- Desculpe-me pelo inconveniente causado, Sr. Primeiro-ministro. Faça o favor de entrar.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A minha escola pública

Baptista-Bastos, DN
Tudo o que sou e sei devo-o à escola pública, à abnegada dedicação de professores, cujas memórias retenho com emoção e saudade. Não é mau ter saudade: é manter o lastro de uma história que se entrecruza com a dos outros, de muitos outros. É sinal de uma pertença que transforma as relações em laços sociais, frequentemente para toda a vida. Da primária ao secundário, e por aí fora, a presença desses homens e dessas mulheres foi, tem sido, a ética e a estética de uma procura do próprio sentido da vida. O débito que tenho para com eles é insaldável. A paciência solícita, o cuidado e a atenção benevolente do tratamento dispensado aos miúdos desbordavam de si mesmos para ser algo de grandioso. Ah! Dona Odete, como me lembro de si, da sua beleza mítica, da suavidade da sua voz, a ensinar-nos que o verbo amar é transitivo. Também lhe pertenço, e àqueles que falavam das coisas vulgares das ruas e dos bairros, da cadência melancólica das horas e dos dias, com a exaltação de quem suspira uma reza ou compõe uma épica.
Depois, foram os meus três filhos, instruídos em cantinas escolares republicanas, e aí estão eles, no lado justo das coisas, nesse regozijo dos sentidos que obriga ao grito e à cólera quando a repressão se manifesta. Escrevo destas coisas banais para designar o verdete e o vómito que me provocam o ministro Crato e o seu sorriso de gioconda de trazer por casa, quando, por sistema e convicção, destrói a escola republicana, aduzindo-lhe, com rankings e estatísticas coxas, a falsa menoridade da sua acção. Este ministro é um mentiroso, por omissão deliberada e injunção de uma ideologia de que é paladino. Não me interessa se abjurou dos ideais de juventude; se tripudiou sobre "O Eduquês", um ensaio dignificante; ou se mandou às malvas o debate que manteve com o professor Medina Carreira, num programa da SIC Notícias. Sei, isso sim, que os homens de bem devem recusar apertar-lhe a mão.
Ele não diz que a escola pública está aberta a toda a gente, e que a escola privada (com dinheiro nosso, dos contribuintes) é extremamente selectiva. Oculta que a escola pública acolhe os miúdos com fome, de pais desempregados, de famílias disfuncionais e desestruturadas, que vivem em bairros miseráveis e em casas degradadas, entregues a si mesmos e à raiva que os alimenta.

Não diz que a escola pública é a imagem devolvida da sociedade que ele próprio prognostica e defende. Uma sociedade onde uma falsificada elite, criada nos colégios, tende a manter-se e a exercer o domínio sobre os outros. Oculta, o Crato, que, apesar desse inferno sem salvação, fixado nos rankings numa humilhação atroz, ainda surgem alunos admiráveis, com a tenacidade e a dimensão majestosa de quem afronta a injúria e a desgraça. E esta imprensa, muito solícita em noticiar trivialidades, também encobre a natureza real do grande problema. Tapa os ouvidos, os olhos e a boca como o macaco da fábula.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Saque de formigueiro.

Armando Esteves Pereira, director-adjunto CM
A reforma do IRC e a baixa do imposto é um bom caminho.
Mas para milhares de microempresas, o tempo não é de alívio fiscal. Antes pelo contrário.
A subida do pagamento especial por conta em 75% em 2014 é uma brutalidade para milhares de firmas, desde proprietários de táxis, a quiosques e cafés e inúmeros pequenos negócios, a maioria dos quais é um escape ao desemprego.

Aliás, o número de empresas criadas mostra que, para fugir à falta de trabalho, milhares de portugueses criam o seu negócio, o que é um sinal positivo de desenrascanço, mais do que uma propensão para o empreendedorismo. E é esta gente que está a ser penalizada pelo saque fiscal de formigueiro.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Portas e o pau de dois bicos!

Eduardo de Oliveira Silva, jornal i
Tanto jogou com isso que hoje é difícil levar a sério o seu discurso.
Há muitas expressões que podem sintetizar a situação embaraçosa em que Paulo Portas se encontra no governo. Por exemplo, que não é possível ter "sol na eira e chuva no nabal", que "quem tudo quer tudo perde", que "não se entrega o ouro ao bandido" ou que "não se deve jogar com paus de dois bicos".
Vem isto a propósito do papel que Paulo Portas reclamou para si e Passos Coelho lhe concedeu com as honrarias e a plumagem do lugar de vice-primeiro- -ministro. Somando a outras circunstâncias o cansaço de tanto jet lag, Portas agravou no Verão de forma quase irreversível a crise aberta pela fuga de Vítor Gaspar, que por si só já ficaria para a história. Mas isso é passado.
O que interessa hoje é que o Paulo Portas que supostamente coordena a área económica, que tem inevitável relação com as instâncias da troika e mais umas quantas instituições e figuras internacionais para explicar que estamos no bom caminho, é rigorosamente o mesmo que armou no Verão o que os brasileiros chamam "um barraco". As consequências do dito são as que ainda hoje estamos a pagar e que obviamente lhe são recordadas de forma mais ou menos subtil em todas as reuniões internas e externas, sendo ainda sistematicamente vertidas para todos os relatórios oficiais ou de agências de rating que se publicam diariamente.
De facto, é bom não esquecer que foi a crise estival que levou a que Portugal entrasse em derrapagem total. Portas fez o mal e a caramunha. Ou seja, criou um problema e agravou o que já estava muito mal. Ia atirando o governo abaixo quando proclamou que havia linhas intransponíveis e falou de irrevogabilidades, obrigando Cavaco a uma intervenção de emergência cujos contornos ainda hoje não são claros. A crise aberta por Gaspar e cavalgada por Portas fragilizou o país e fez com que a troika se tenha tornado mais intransigente em relação a nós, como se vê pelo Orçamento de 2014, no qual não tolerou cedências, mesmo que ele se tenha tornado uma ficção.
Esse comportamento ainda poderia ser esquecido se do Ministério dos Negócios Estrangeiros Portas tivesse passado para a Administração Interna ou para um lugar simbólico, tipo ministro da República para os Açores ou para a Madeira (função neocolonial em boa hora extinta), mas que o apagariam parcialmente. Depois de tudo isso, vê-lo ralhar com a oposição ou dirigir convites ao investimento externo, como se tivesse sido um modelo de coerência e uma referência de estabilidade, deixa um cidadão com memória boquiaberto e qualquer estrangeiro com acesso ao Google com a sensação de que deve haver duas figuras públicas em Portugal com o mesmo nome e que em dado momento ocuparam lugares relevantíssimos, tendo-se substituído um ao outro. Que seja a mesmíssima pessoa é coisa que certamente não lembra a ninguém para lá de Badajoz.

É verdade que no interior da coligação governamental Portas subiu na hierarquia, mas simultaneamente perdeu muito peso face a Passos Coelho e mesmo dentro do CDS, onde teria sido substituído, possivelmente por Pires de Lima, se não tivesse recuado.