sábado, 21 de dezembro de 2013

Partilha!


José Diogo Madeira, jornal i
Nunca como agora partilhámos tanto. Ideias, fotos, vídeos, tudo é partilhado em massa através das redes sociais que por aí pululam. São trocas simples, à distância de um clique, mas que criam tendências, propagam músicas e novidades, contam a nossa vida a quem passa pela net. Se gostas disto, partilhas. Se queres mostrar aquilo, partilhas. É uma cultura de partilhas, tudo o que vem à rede é rapidamente partilhado para construir o mundo como gostamos de o imaginar. Mas quando desligamos os portáteis e saímos à rua vemos um país desequilibrado, em que crescem as vendas de automóveis de luxo e o número de gente que dorme pelas calçadas.
As desigualdades económicas e sociais tornaram-se bem evidentes e aqui não se fala de partilha, mas de sobrevivência. Quem tem não quer perder; quem já não tem já nada quer. É uma sociedade deslumbrada pela forma fácil como tudo se move rapidamente pelas redes digitais, mas que cava trincheiras profundas no terreno. E não se pode esperar que os portugueses consertem o país da mesma forma ligeira como partilham pelo Facebook.

Portugal é um país de gente solidária, em que os remediados vão dando o pouco que lhes sobra aos pobres. Mas estas pequenas e generosas partilhas não conseguem retirar da pobreza os milhares que nos últimos anos caíram nela e não conseguem refazer as suas vidas. Portugal precisa de dar empregos a quem precisa, um tecto a quem está nas ruas, um futuro às crianças que estão na escola e uma reforma digna a quem já não trabalha. Claro que este investimento custa dinheiro e alguns dirão que agora não há financiamento para isto. Mas quando há vontade e bons projectos o dinheiro aparece sempre. Basta tirar de uns lados para colocar nos outros. Ou seja, fazer a gestão política dos recursos (por escassos que sejam), colocando-os onde fazem mais falta. Partilhar também é isto.

Sem comentários:

Enviar um comentário