domingo, 30 de novembro de 2014

Oráculo?!

Caros:
O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos E os caracteres corrompidos. A pratica da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe media abate-se progressivamente na imbecilidade e inercia. O Povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima para baixo! Todo o viver espiritual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias, para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce…. O Comercio definha. A industria enfraquece. O salário diminuí, O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A corrupção, tem desiludido o povo Português por forma a desinteressa-lo de todo da Politica, em que vê, não a competência dos que melhor podem governar mas apenas a rivalidade mesquinha de interesses pessoais ou Partidários…

Ao contrário do que podem pensar, não fui eu que escrevi estas palavras. Registou-as RAMALHO ORTIGÃO em Junho de 1871.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Um País que não tem forma de manter a fé

As últimas semanas têm sido férteis em acontecimentos infelizes. Primeiro o gravíssimo escândalo dos vistos dourados, que atinge o coração do nosso Estado;
Depois, PSD e PS decidem fazer ‘haraquíri’ com a questão da reposição das subvenções aos deputados, transformando novamente o Parlamento numa torre de marfim isolada de um País trucidado por anos de austeridade; e, por último, a muito pública detenção de José Sócrates, o antigo primeiro-ministro que polariza opiniões como mais ninguém neste país.
Independentemente do desfecho destes processos - e são tudo coisas radicalmente diferentes em termos de ritmo e de importância - esta sucessão de acontecimentos é um murro no estômago dos cidadãos e na sua capacidade de acreditar nas elites que dirigem este País, com o poder político à cabeça.
Muito do mal está já feito, por mais que seja essencial defender a presunção de inocência daqueles que não foram sequer ainda acusados (não nos esqueçamos disto). Resta exigir que a Justiça seja rápida, competente, e que defenda o interesse do Estado e, acima de tudo, a lei. Infelizmente, mesmo isso poderá não ser suficiente para restaurar qualquer tipo de fé dos cidadãos nos poderes que vêm liderando Portugal nas últimas décadas. E, sem essa fé, tudo fica mais difícil, para um País que ainda tem tantos e tão complicados desafios pela frente.
Editorial,Económico 

domingo, 23 de novembro de 2014

Joãozinho falando inglês (piada)

A professora chega à sala de aula cumprimenta os alunos e diz:
 - Classe, hoje eu quero que vocês pensem palavras em inglês que usamos, sem traduzirem e façam mímica, para que seus colegas adivinhem a palavra que pensaram, ok?.. (sugere a professora).
Julinha foi a primeira. - Andando, como se olhasse vitrines e segurasse sacolas, todos olharam e entenderam dizendo:
"SHOPPING CENTER!!!"
 - Muito bem, Julinha!.. (diz a professora). Agora você Carlinhos!
 Carlinhos finge estar comendo um lanche, todos entendem o gesto, novamente, a classe responde:
"HAMBURGER!!!"
 - Muito bem, Carlinhos!.. (elogia a professora). Agora sua vez Joãozinho!
Joãozinho, visivelmente animado, pega seu livro e acerta em cheio o rosto do colega sentado ao lado...
A classe, surpresa, olha sem entender, enquanto a professora irritada pergunta:
 - O que significa isso, Joãozinho???
 E ele, com aquela cara de safardana responde:
- FACEBOOK!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Estranha supervisão

As audições sobre o escândalo BES/GES confirmam que as excelentíssimas autoridades reguladoras funcionam quando tudo corre bem. Em caso de falhas, como nos crimes do BPN ou nos esquemas do BES, notam-se erros primários.
O Banco de Portugal não contactou o regulador dos seguros no penhor da Tranquilidade e avisou demasiado tarde a CMVM, permitindo que os tubarões da Bolsa enganassem milhares de pequenos investidores que compraram gato por lebre em ações do BES. E, qual cereja no topo do bolo, Carlos Costa não afastou Ricardo Salgado após se saber da fuga de milhões no Monte Branco, porque protegeu o direito constitucional do banqueiro à liberdade de escolha da profissão.
Armando Esteves Pereira, Director-adjunto CM

terça-feira, 18 de novembro de 2014

E ninguém vai preso

A comissão parlamentar ao escândalo BES tem todos os ingredientes para superar em interesse o folhetim do inquérito ao BPN. Aliás, o descalabro do império da família Espírito Santo sob o comando de Ricardo Salgado e os crimes de polícia ainda sem castigo do gang de Oliveira e Costa & companhia têm mais pontos em comum do que a origem destes banqueiros levaria a supor.
Quando rebentou o BPN, Ricardo Salgado olhava de alto para o arrivista Oliveira e Costa, que a política tinha levado à Banca e que perante a elite era uma espécie de pistoleiro. Mas afinal a mais ilustre dinastia financeira esqueceu-se do bom nome e do prestígio acumulado de 140 anos para entrar numa espiral que em alguns casos teve episódios semelhantes a qualquer D. Branca.
Com tanta gente prejudicada, com custos milionários para os contribuintes, com tantos empregos destruídos, quer no BPN, quer agora no escândalo do BES/GES, há uma pergunta inquietante que persiste: e ninguém vai preso?
Armando esteves Pereira, Director-adjunto CM

domingo, 16 de novembro de 2014

Santa Maria livrai-nos dos deputados

O atendimento na Estrela era personalizado. Não havia extractos, e as contas eram tituladas com nomes bizarros de animais ou plantas.
Com o aproximar da data em que terão de prestar declarações na comissão parlamentar de inquérito, cresce a fé dos vários ramos da família Espírito Santo. E é vê-los todos os domingos, às 11h00, na missa que é rezada na capela privada que se encontra nas traseiras da casa de Ricardo Salgado no Guincho e onde repousam na cripta os restos mortais de Ricardo Espírito Santo Silva e sua esposa, Mary Cohen Espírito Santo Silva.
Os membros mais importantes da família ocupam os lugares da frente, enquanto os restantes ficam do lado de fora da pequena capela. As orações evocam os antigos elementos da família e os primeiros investimentos que permitiram o regresso a Portugal e a compra do BES, como o velhinho empreendimento imobiliário ‘Santa Ulisseia’, em Miami, nos Estados Unidos da América.
Recordam-se também os que sempre foram fiéis. Os clientes que, com hora e dia marcado, eram recebidos na rua de São Bernardo, à Estrela, onde também se reunia o Conselho Superior do grupo, para mostrar as suas disponibilidades financeiras em troca de rentabilidades e aumentos de capital sempre lucrativos. O método era sempre igual. O cliente passava um cheque ao portador com a quantia que queria investir junto do Grupo Espírito Santo. O dinheiro era levantado das contas portuguesas e aparecia, como que por magia, na Compagnie Financière Espírito Santo, agora convertida em Banco Privée Espírito Santo, na Suíça.
Parte do investimento era aplicado em grandes companhias cotadas nas bolsas internacionais, com uma preferência especial pelas sociedades francesas, o restante eram aplicações em sociedades do próprio GES. Não havia nenhuns extractos bancários, apenas uma simples folha de papel que mostrava ao cliente o capital acumulado e que era destruída em seguida. As contas estavam todas tituladas com nomes bizarros de animais ou plantas.
Miguel Alexandre Ganhão, Subchefe de Redacção - CM

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Os ricos não pagam a crise

Se os "arquivos" que consultei estiverem correctos, foi na década de 70, era a democracia uma criança e a classe média incipiente, que Acácio Barreiros, líder da UDP, celebrizou um daqueles slogans que ficaram gravados na memória e pichados nas paredes: "Os ricos que paguem a crise!". O sobressalto revolucionário não pegou. Aliás, não passou muito tempo e o país já estava sob tutela do FMI, pagando (sobretudo os muitos pobres e os poucos remediados que havia naquele tempo) os desvarios de uma inexperiente classe política. As famílias, os industriais e os banqueiros, ou seja, os ricos, salvaram, como sempre, as mobílias a tempo.
Quatro décadas depois, está quase tudo na mesma. Voltamos a estar sob tutela do FMI. Voltamos a pagar os desvarios de políticos (já não por inexperiência, mas por incompetência). Voltamos a pedir que os ricos paguem a crise, ou pelo menos parte dela. E voltamos a confirmar que os ricos, alguns deles pela segunda vez, escapam incólumes, uns porque sediaram as suas empresas e rendas em paraísos fiscais respeitáveis, como a Holanda ou o Luxemburgo, outros porque transferiram sem pudor centenas de milhões para paraísos fiscais suspeitos, mas igualmente à prova de bala.(Ler artigo complecto) 
Rafael Barbosa, JN

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

História Dum Ego

A única forma que Cavaco tinha de terminar o mandato com dignidade era antecipando eleições.
Eleições só daqui a um ano, afirma o Presidente da República. A não ser que aconteça uma hecatombe, este governo em estertor vai agonizar o país até lá. Cavaco não é sensível ao estado da nação ou à vontade dos cidadãos. Nem sequer à necessidade de um orçamento que, com eleições no outono, não será apresentado dentro do prazo, criando dificuldades suplementares.
Enfim, o PR defende mais instabilidade em nome da estabilidade. Mas nada disto o preocupa. Uma das poucas coisas que realmente o apoquentam é manter no poder o executivo do seu PSD o mais possível. A ponto de afirmar que o próximo governo tem de ser maioritário – não quer também indicar em quem os portugueses devem votar?
A única forma que Cavaco tinha de terminar o mandato com dignidade e ficar para a história (a outra coisa que o preocupa) era antecipando eleições, cuidando que não seria o seu sucessor a resolver um imbróglio político por si criado. Fazendo o contrário, só pensando em si e nos seus, este PR constará no livros pelos piores motivos. E ponto final.
Joana Amaral Dias, Professora universitária



quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Doutores e operários

O direito ao disparate é a coisa que, na Europa, parece estar mais bem distribuída.
Frente aos patrões alemães, Merkel disse que há demasiados licenciados em Portugal e Espanha. Ora, pouco mais de 17 em cada 100 portugueses adultos são licenciados. Na Alemanha, são mais de 25.
Como não se conhecem declarações de Merkel sobre a necessidade de os alemães deixarem de ir à faculdade, a chanceler exibe uma ideia muito própria da divisão europeia do trabalho.
A norte, doutores, instruídos e, supõe-se, bem pagos; a sul, trabalhadores braçais, a precisarem certamente de maior disciplina nos horários e na idade da reforma.
Se isto não é construção europeia…
Carlos Rodrigues, Director-adjunto CM

domingo, 2 de novembro de 2014

Máxima do reformado

A minha mulher perguntou-me com sarcasmo:
"Que pensas fazer hoje?"
"Nada."
Diz-me ela:
"Isso foi o que fizeste ontem!"
"Sim, mas ainda não acabei."