Se os
"arquivos" que consultei estiverem correctos, foi na década de 70,
era a democracia uma criança e a classe média incipiente, que Acácio Barreiros,
líder da UDP, celebrizou um daqueles slogans que ficaram gravados na memória e
pichados nas paredes: "Os ricos que paguem a crise!". O sobressalto
revolucionário não pegou. Aliás, não passou muito tempo e o país já estava sob
tutela do FMI, pagando (sobretudo os muitos pobres e os poucos remediados que
havia naquele tempo) os desvarios de uma inexperiente classe política. As
famílias, os industriais e os banqueiros, ou seja, os ricos, salvaram, como
sempre, as mobílias a tempo.
Quatro décadas depois,
está quase tudo na mesma. Voltamos a estar sob tutela do FMI. Voltamos a pagar
os desvarios de políticos (já não por inexperiência, mas por incompetência).
Voltamos a pedir que os ricos paguem a crise, ou pelo menos parte dela. E
voltamos a confirmar que os ricos, alguns deles pela segunda vez, escapam incólumes,
uns porque sediaram as suas empresas e rendas em paraísos fiscais respeitáveis,
como a Holanda ou o Luxemburgo, outros porque transferiram sem pudor centenas
de milhões para paraísos fiscais suspeitos, mas igualmente à prova de bala.(Ler artigo complecto)
Rafael Barbosa, JN
Sem comentários:
Enviar um comentário