sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Os ricos não pagam a crise

Se os "arquivos" que consultei estiverem correctos, foi na década de 70, era a democracia uma criança e a classe média incipiente, que Acácio Barreiros, líder da UDP, celebrizou um daqueles slogans que ficaram gravados na memória e pichados nas paredes: "Os ricos que paguem a crise!". O sobressalto revolucionário não pegou. Aliás, não passou muito tempo e o país já estava sob tutela do FMI, pagando (sobretudo os muitos pobres e os poucos remediados que havia naquele tempo) os desvarios de uma inexperiente classe política. As famílias, os industriais e os banqueiros, ou seja, os ricos, salvaram, como sempre, as mobílias a tempo.
Quatro décadas depois, está quase tudo na mesma. Voltamos a estar sob tutela do FMI. Voltamos a pagar os desvarios de políticos (já não por inexperiência, mas por incompetência). Voltamos a pedir que os ricos paguem a crise, ou pelo menos parte dela. E voltamos a confirmar que os ricos, alguns deles pela segunda vez, escapam incólumes, uns porque sediaram as suas empresas e rendas em paraísos fiscais respeitáveis, como a Holanda ou o Luxemburgo, outros porque transferiram sem pudor centenas de milhões para paraísos fiscais suspeitos, mas igualmente à prova de bala.(Ler artigo complecto) 
Rafael Barbosa, JN

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