No
final da sua presidência, quer mudar o regime. Ficam duas interrogações..
O
Presidente propôs uma reflexão a todos os portugueses. Apelou a uma discussão
séria sobre o sistema político português, constatou que existe um grau de
insatisfação com o regime e definiu como "repulsa" a relação dos
cidadãos mais qualificados com o exercício de cargos públicos. Concluiu da
necessidade de "virar de pantanas" o sistema eleitoral e dignificar a
República e a relação entre eleitos e eleitores. Boas palavras, um bom discurso
e duas interrogações.
Cavaco
Silva falou da reforma do sistema político, mas nada disse do que julga em
relação ao seu próprio papel e ao semipresidencialismo. A segunda interrogação,
talvez mais óbvia (logo menos interessante), é que as palavras foram da autoria
do homem que está há mais anos no poder em Portugal depois de Salazar. Com
tantos anos de ministro, primeiro-ministro e Presidente, provoca estranheza a
mensagem. Tão bizarro como seria ouvir Manoel de Oliveira criticar os filmes
feitos com câmara fixa, não bateria certo. Dá vontade de perguntar
rigorosamente o óbvio: se as coisas estão como estão, se as pessoas se estão
nas tintas para os partidos, para a política e para tudo o que Estado representa,
então qual o grau de fracasso da sua própria acção, senhor Presidente?(Ler artigo complecto)
Luís Osório, jornal i
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