Texto de Daniel Oliveira
Por
mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas ficaram para sempre endurecidas na sua
incapacidade de sofrer pelos outros. São cruéis.
Há
pessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que receberam, não
deixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca perderam a consciência de
que seus privilégios são isso mesmo: privilégios. São bem formadas.
E
há pessoas que tiveram a felicidade de viver sem problemas económicos e profissionais
de maior e a infelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São
rapazolas.
Não
atribuo às infantis declarações de Passos Coelho sobre o desemprego nenhum
sentido político ou ideológico. Apenas a prova de que é possível chegar aos 47
anos com a experiência social de um adolescente, a cargos de responsabilidade
com o currículo de jotinha,a líder partidário com a inteligência de uma amiba,
a primeiro-ministro com a sofisticação intelectual de um cliente habitual do
fórum TSF e a governante sem nunca chegar a perceber que não é para receberem
sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participam em
eleições. Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aos calcanhares de quem
fala com esta leviandade das dificuldades da vida de pessoas que nunca
conheceram outra coisa que não fosse o "risco" Sobre a caracterização
que Passos Coelho fez, na sua intervenção, dos portugueses, que não merecia,
pela sua indigência, um segundo do tempo de ninguém se fosse feita na mesa de
um café, escreverei depois. Hoje fico-me pelo espanto que diariamente ainda
consigo sentir:
Como
é que este rapaz chegou a primeiro-ministro?
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