Daniel Oliveira-J Exp.
Jardim mandou
cobrar as dívidas de várias câmaras municipais à Empresa de Eletricidade da
Madeira. Dívidas acumuladas por autarcas do seu partido, que o governo nunca
achou importante que fossem regularizadas, porque, como se vê agora, são um
importante instrumento de vingança política. Mas não mandou cobrar todas.
Apenas a quatro câmaras que a oposição venceu há pouco mais de um mês se exigiu
um pagamento imediato que corresponderia ao seu colapso financeiro. Ordenando a
execução imediata dessa dívida em caso de não cumprimento. Quanto às da sua
cor, pede-se "que se mantenha o esforço de regularização, não deixando
derrapar".
Assim, para além
de se vingar, Jardim pretende boicotar financeiramente algumas das câmaras que
deixaram de ser do PSD. E vingar-se das populações que, na sua cabeça
megalómana, o terão traído. Esta estratégia costumava funcionar. Foi assim que
o PSD local conseguiu conquistar todas as câmaras: sufocando as populações que
se atrevessem a eleger presidentes de câmara de outros partidos. Só que agora
mais de metades das autarquias são da oposição. E, entre elas, o Funchal, onde
vive a maioria da população da ilha. Jardim terá de se vingar da maioria dos
madeirenses.
Claro que nada
disto terá qualquer efeito. O tempo da impunidade está quase a chegar ao fim.
Duvido que Alberto João Jardim volte a ganhar mais alguma eleição no
arquipélago. Quatro décadas depois, a normalidade democrática poderá finalmente
ser estabelecida em todo o território nacional. Mas, acima de tudo, sem a
imunidade que o tem defendido, veremos como responderá a tudo o que se vai
começar a saber sobre tantos anos de abusos. Porque homens que assentam o seu
poder na ganância de quem os segue acabam sempre por ser comidos pelos mesmos
que alimentaram. Ninguém lhes é leal quando o banquete chega ao fim.
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