Por; Pedro Nuno Santos –
jornal i
A menos de nove meses
do fim do programa de assistência financeira, com taxas de juro implícitas da
dívida pública portuguesa a rondar níveis insustentáveis, é cada vez mais óbvio
que Portugal não conseguirá regressar aos mercados. O segundo resgate está por
pouco tempo, e nem sequer precisávamos de ter sido previamente informados, como
fomos, em “on” pelo primeiro-ministro e em “off” por responsáveis da Comissão
Europeia. O primeiro resgate falhou de forma clamorosa nos seus principais
objectivos, a dívida pública portuguesa atingiu um nível já consensualmente
considerado impagável e as taxas de juro implícitas não descem dos 6%, chegando
mesmo a ultrapassar a barreira dos 7% muitas vezes. É incompreensível que
perante o fracasso avassalador do primeiro resgate se queira responder com a
repetição do erro, mas infelizmente são a irracionalidade e a estupidez que
comandam, actualmente, Portugal e a Europa. Como é por demais evidente, o PS
será pressionado pela elite política e económica, nacional e europeia, a pôr a
sua assinatura num receituário que não funciona. Este será o momento definidor
do PS, na sua afirmação como alternativa ao governo PSD/CDS e à sua política
austeritária.
O Partido Socialista
só precisa de reafirmar nesse momento o que tem dito nos últimos anos sobre
austeridade: “Não funciona, destrói a economia e afasta-nos cada vez mais dos
objectivos de consolidação orçamental.” Também deve dizer que só aceita um
segundo resgate se a filosofia subjacente for absolutamente alterada e levar em
consideração muitas das conclusões dos estudos internos do FMI. Isto é, só deve
aceitar o segundo resgate se os objectivos principais do mesmo forem o
crescimento económico e o desemprego e não o défice orçamental e a dívida
pública. Estes últimos devem passar a ser objectivos secundários e subordinados
aos dois primeiros. Deve também exigir como condição prévia uma reestruturação
significativa da dívida pública, como sempre defendeu o FMI. Menos do que isto
não pode ser aceite por um partido socialista.
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