Por:
Leonardo Ralha-CM
Imagine-se o ‘Rei Lear’ de
Shakespeare, mas façamos uma pequena alteração: o velho monarca, em tempos
invencível e agora vergado pela passagem dos anos, não tem filhas para dividir
o reino, compensando tal falta com um chapéu de palha na cabeça e um copo de
poncha na mão.
Assim se encontra
Alberto João Jardim, após o vendaval das eleições autárquicas, que reduziu a
hegemonia laranja à faixa entre a Calheta e Câmara de Lobos. A hecatombe
superou as previsões, e até implicará um exercício de coabitação com Paulo
Cafôfo, conquistador da Câmara do Funchal, à frente de uma coligação que
congregava a oposição do centro para a esquerda.
Estando a situação
neste ponto, imagina-se como terá Jardim reagido à decisão, tomada ontem, por
José Pedro Pereira, ex-líder da JSD-Madeira, de passar a independente na
Assembleia Regional da Madeira.
Com a maioria
reduzida a um único deputado, dependente dos humores de membros de um partido
rachado ao meio após a vitória tangencial sobre o ex-delfim Miguel Albuquerque,
o eterno governante vive, aos 70 anos, um Inverno do seu descontentamento. E a
peça arrisca-se a ser ainda mais penosa se o pano só descer em 2015.
Sem comentários:
Enviar um comentário