terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Cavaco Silva...

Se há uma pessoa que personifica o actual sistema político e económico português, essa pessoa chama-se Aníbal Cavaco Silva.
Ninguém melhor do que ele simboliza a decadência do regime, a opacidade do seu funcionamento, a promiscuidade entre o poder político e o económico e financeiro, a descredibilização das instituições democráticas e a falência do sistema de justiça. Basta atentar na sua mensagem de Ano Novo, onde, entre outras pérolas, apela ao voto nos dois principais partidos do sistema, para – disse ele – obstar ao populismo. Cavaco Silva iniciou a sua ascensão política contra o Bloco Central (coligação entre o PS e o PSD) e acaba a defender um entendimento entre esses dois partidos porque ele sabe como ninguém quão convergentes são os interesses das respetivas clientelas político-económicas. Descontando o tempo em que foi ministro de Sá Carneiro e o da conspiração que se lhe seguiu contra um governo liderado pelo seu próprio partido, Cavaco esteve no poder dez anos como primeiro-ministro e outros dez como Presidente da República. Mas fala da política e dos políticos com a hipócrita repugnância de quem não desce a esse nível, esperando assim obter os benefícios de dois mundos incompatíveis. Eis um exemplo – aqui sim – do mais primário populismo. Pelo meio compra e vende ações (que não estavam no mercado) do BPN com lucros superiores a 100 por cento, torna-se proprietário de uma mansão de milionário, apoiou (-se em) Dias Loureiro, Duarte Lima, Oliveira e Costa, os quais fizeram fortunas ao seu lado. Além disso, traiu Fernando Nogueira (a quem devia o lugar de presidente do PSD), promoveu Durão Barroso, desvalorizou o escândalo Costa Freire-Zézé Beleza e o dos perdões fiscais e usou grande parte dos fundos comunitários para puro eleitoralismo. Que lugar terá na história um Presidente da República que garantia aos portugueses a idoneidade de um banco (o BES) apenas três semanas antes de esse banco se desfazer escandalosamente? Sem dúvida que ele será olhado no futuro como o símbolo e principal responsável político de um modelo financeiro que, com a cumplicidade dos partidos do sistema, funcionou como um casino até se desmoronar estrondosamente.
Marinho e Pinto-eurodeputado (in CM)

2 comentários:

  1. Obrigada pelo comentário. Olá sou Gi e aposentada tb.
    Kis :>}

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  2. AvoGI: o seu blog está "aqui" na parte lateral direita (o que eu leio) onde acompanho o que escreve.
    Vou estando informado...
    A.R.

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