Por: Ricardo Costa-J. Expresso
Os leitores escusam de ouvir o que os
líderes partidários andam por aí a dizer, durante a campanha eleitoral, sobre o
que está em causa nas negociações com a troika. Pelo menos, escusam de ouvir
aquela parte do défice, em que Portas pede sempre mais qualquer coisa e Seguro
um pouco mais ainda. Não é que eles não tenham razão - uma folga no défice
fazia muita falta - ou que o futuro venha a mostrar que estão certos, já que é
bem natural que essa folga nos seja dada a posteriori. Mas o que agora
interessa é que a questão foi arrumada de vez. Bastou Mário Draghi falar.
O inglês de Draghi nem sempre é fácil
de entender. Mas o que ele diz, como presidente do BCE, é de uma clareza
absoluta. Foi assim que há uns tempos acalmou os mercados que apostavam tudo no
resgate de Itália e Espanha. E foi assim que, ontem, resolveu o nosso Orçamento
de Estado.
O que Mário Draghi disse foi muito
simples. Para o BCE qualquer revisão da meta do défice para 2014 será
percecionada de forma negativa pelos mercados e impedirá qualquer descida dos
juros da dívida portuguesa no mercado secundário. E a prioridade do BCE em
relação a Portugal é fazer tudo para que os juros baixem.
Nem Draghi nem o BCE têm mandato para
se preocupar com metas do défice. Mas as coisas na Europa andam tão confusas
que todos falam sobre temas que não são da sua alçada. A diferença é que quando
Draghi fala as coisas acontecem. Desde ontem passou a ser oficial que o nosso
Orçamento de Estado terá uma meta de 4%.
Sem comentários:
Enviar um comentário