quinta-feira, 14 de março de 2013

"O fato novo do PR"

Não se requer um especial esforço exegético para constatar que Cavaco Silva e Passos Coelho andam a dizer (nas raras ocasiões em que o primeiro fala) o contrário um do outro. Esta oposição entre ambos começou com os cortes remuneratórios a funcionários e pensionistas e tem vindo a intensificar-se. Se o Presidente da República reconhece a evidência da espiral recessiva, o Primeiro-Ministro (ou algum membro do Governo por ele) corre a desmenti-lo. Se Cavaco recomenda que se ouça a rua, Passos proclama logo que não é influenciado por ela.
Outrora, durante os mandatos de Eanes e Soares, as palavras presidenciais feriam tanto como os punhais, confirmando a poesia de Eugénio de Andrade. Os governos tremiam na véspera do discurso de 25 de abril e uma palavra mais severa podia desencadear a crise ou induzir inflexões políticas sensíveis. Vigorava, à época, um regime semipresidencial, em que o executivo, responsável pela condução da política geral do País, era "controlado" por um Presidente que impunha limites, prevalecendo-se da legitimidade do sufrágio direto e (...)

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