Cinco mil euros são
cinco mil euros. Cinco mil euros por mês durante um largo período de tempo não
são um pormenor, são um modo de vida. Se juntarmos todas estas parcelas de
cinco mil euros, como se fossem um raminho de salsa, ficamos com cento e
cinquenta mil euros durante um par de anos. Mas o tipo que recebeu o raminho
não se lembra de nada. Não se lembra se recebeu, se podia receber, se declarou
o montante. Isto até teria a sua graça se o amnésico em questão não fosse
primeiro-ministro.
Passos colocou a sua
falta de memória à disposição do Ministério Público. Eles que decidam se houve
ato ilícito, que ele tem mais que fazer. Eu aprecio a transparência judicial,
mas aprecio ainda mais a transparência moral. Antes de todas as questões
jurídicas, esta é uma questão de decência e confiança. Durante dois anos
(1997-1999), o deputado Passos recebeu 1000 contos por mês de uma empresa, 1000
contos que devia gerar uma resposta cristalina da parte do homem que está à
frente do país. A resposta não chegou. O parlamento diz que Passos não tinha
regime de exclusividade, logo o dinheiro não é problema. Mas por que razão
recebeu Passos a subvenção após 1999?(Continuar a ler)
Henrique
Raposo, Expresso
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