domingo, 18 de maio de 2014

troika de saida

Ajustamento custou mais 21 mil milhões do que estava previsto.
A estratégia da troika e do governo custou ao país mais 21 mil milhões do que previsto, culpa de tentar cumprir tudo à força, sem olhar a meios
Desde 2010, as empresas com lugar no principal índice bolsista português desvalorizaram quase 5 mil milhões de euros. Os bancos que podem continuam a virar as costas ao país. Há cada vez mais empresas a distribuir lucros por accionistas estrangeiros - EDP, REN, Portugal Telecom... Os centros de decisão nacional mudaram de nacionalidade, os contribuintes pagam um nível recorde de impostos que alimentam uma crescente factura com juros devidos a entidades estrangeiras. O Portugal pós-troika é um país descapitalizado onde as últimas réstias de liquidez desaparecem a cada dia que passa. Estamos pior, não cumprimos o programa e as metas foram atingidas através da fórmula de "maquilhagem de contas", com o beneplácito de instituições já demasiado vinculadas à austeridade. Aliás, como também estão a fazer na Grécia.
Portugal chega ao fim do ajustamento com mais 40 mil milhões de euros de dívida que o previsto pela troika para o fim de 2014, culpa de ter acumulado mais 5,4 mil milhões de euros em défices que o previsto e de o PIB ter contraído mais 9 mil milhões que aquilo que foi previsto em meados de 2011. A análise, comparando as previsões iniciais para o período de 2012-2014 com a realidade ou as mais recentes projecções, mostra que o recurso à expressão "sucesso" para definir o ajustamento dos últimos anos não passa de propaganda em tempo de campanha eleitoral. Veja-se aliás que ainda na semana passada o governo comparava o fim do ajustamento com um novo 25 de Abril.
 De forma rápida, as contas ao programa de ajustamento e suas metas ficam assim: quando comprometeram Portugal ao programa de ajustamento, este previa que no final de 2014 o PIB estivesse nos 174,3 mil milhões, a dívida pública nos 198,7 mil milhões, tendo Portugal acumulado 16,6 mil milhões de défice em 2012, 2013 e 2014 - os três exercícios completos com o programa de austeridade em funcionamento. Ora, e pela mesma ordem, no final deste ano o PIB não vai chegar a 168 mil milhões - ou seja, mais 9 mil milhões de recessão que o previsto -, a dívida rondará os 216 mil milhões - são mais 40 mil milhões - e a economia portuguesa acumulou um défice total de 22 mil milhões - mais 5,4 mil milhões que o inicialmente delineado. Não fosse isto suficiente, mas é ainda de sublinhar que todas estas derrapagens ocorreram apesar da austeridade acumulada nestes anos, que no plano inicial rondaria os 18 mil milhões de 2011 a 2014, dois terços dos quais "pela despesa", está quase a superar os 30 mil milhões, quatro quintos dos quais pela receita. Feitas as contas, foram exigidos mais 12 mil milhões de euros aos contribuintes para resultados piores 9 mil milhões de euros. A troika ficou assim 21 mil milhões de euros mais cara que o previsto.(Ler artigo complecto) 
Filipe Paiva Cardoso, jornal i

Sem comentários:

Enviar um comentário