sábado, 20 de agosto de 2011

JOVENS, PRESENTE e FUTURO

   Tenho, ultimamente, recordado com frequência o meu tempo de garoto e de jovem. Não com saudades desse tempo porque não deixou boas recordações. Saudades, só dos familiares que há muito me deixaram. O que me poderia dar alegria em recordar esse tempo, é ocupado com alguma vergonha pela escassez de condições que não possuía; um pouco o humano e muito o económico.
   A luta para alterar esta situação foi dura mas, acompanhada com alguma sorte e a ajuda de quem desejava o mesmo que eu, acabou por dar o fruto desejado.
   No período a que me estou a referir, anos 50 e 60 do século passado, escolhia-se com facilidade onde trabalhar. Era necessário ajudar nas despesas familiares e, esquecendo os filhos dos mais abonados, começava-se a trabalhar após o período escolar obrigatório. Também havia os empregos, que eram entregues aos que tinham mais estudos, bons padrinhos ou faziam parte de familiares que estavam com o regime de então. Esses não eram sortudos; já tinham nascido com a sorte e pouco era necessário fazer para continuarem a serem os privilegiados. A dureza destas realidades obrigava os desfavorecidos a enriquecer pessoalmente, quer como homem quer como profissional, desde que travassem a luta pelas dificuldades e, até pelas adversidades.
   Não pretendo, com estas recordações, que o meu país tivesse as mesmas condições de então; mas gostava de voltar a ver jovens que pudessem estudar em escolas técnicas, como havia naquele tempo e de onde saíram grandes profissionais (industriais, comerciais…). Que pena só termos hoje jovens com licenciaturas em que algumas não têm aplicação prática, outras em que não existe vagas tal a desproporção estudo/trabalho. Que pena termos tanto jovem quase analfabeto por não terem concluído o 12º ano e, alguns que o concluíram, terem ficado sem conhecimentos por falta de bases elementares; matemática, português, física, química… 
   É bem conhecido o abandono escolar. Sempre houve este problema, originado pelas mais diversas questões. Muitos, têm sentido na vida as dificuldades desta decisão, outros, talvez mais bafejados pela sorte, pouco interesse têm dado á decisão que tomaram. Mas… e os jovens de hoje que deixaram de estudar e que, dizem, procuram emprego? Será que só podem ter um emprego? O trabalho que há para fazer tem que ser feito só pelos estrangeiros? Será vergonha calçar umas luvas e utilizar uma ferramenta para executar tarefas “menos” nobres?
   Os portugueses que estão a ir para outros países andam lá a trabalhar. Não procuram por emprego e… que não lhes falte o trabalho! A vergonha em andar a trabalhar é só no nosso país.
   Triste ver esta realidade, mas da qual, talvez não sejam os jovens os mais culpados. Haverá muitos pais que, pela falta de acompanhamento que não deram, pelas ilusões de vida que tiveram e dos exemplos que os filhos copiaram, tenham muita coisa á sua responsabilidade.
   Estes anos de “fartura” criou uma geração sonhadora e de pouca responsabilidade.
   Temos o resultado do que foi semeado; as dificuldades para todos e a incerteza do futuro dos nossos jovens.
  

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