Fernanda
Câncio, DN
Em 2010, na oposição, Passos garante que,
devido à crise, lá em casa só haverá presente para "a mais nova".
"Foi um ano muito duro", diz no vídeo de Natal. "Pelo
desemprego, pelo aumento dos impostos, na redução dos salários, na quebra do
investimento. Enfim, é um período de grande tensão e de incertezas tanto para
os mais jovens como para os menos jovens." Com o IVA a aumentar
um ponto percentual nos três escalões e o IRS a subir para todos com
um novo escalão de 45% acima dos 150 mil euros, o ano fecha com desemprego de
10,8%, dívida pública de 92,4%, e PIB a crescer 1,9%.
2011: mensagem natalícia é já de PM. O
que cortou meio subsídio a toda a gente e anuncia que em 2012 funcionários
públicos e pensionistas ficarão sem os dois (Natal e férias). Medidas que não
estavam nem no memorando nem no seu programa eleitoral, mas não o impedem de
falar de confiança: "É um ativo público, um capital invisível, um bem
comum determinante para o desenvolvimento social, para a coesão e para a
equidade. São os laços de confiança que formam a rede que nos segura a todos na
mesma sociedade. Um dos objetivos prioritários do programa de reforma
estrutural do governo consiste precisamente na recuperação e no fortalecimento
da confiança." Ano fecha com défice de 4,2%
(abaixo do previsto), dívida pública 107,2%,
desemprego 12,7%. PIB contrai 1,6%.
2012 é o ano do anúncio do aumento da
TSU para trabalhadores, que cairá pela contestação, e do "enorme aumento
de impostos" para 2013, depois do IVA no máximo para a restauração,
eletricidade e gás. Se desemprego alcança 15,7%, respetivo subsídio é reduzido
em duração e valor, como indemnizações por despedimento. RSI e Complemento
Solidário para idosos sofrem cortes. Tudo ao contrário da mensagem natalícia do
PM, que exorta "todos [a] fazer um pouco mais para ajudar quem mais sofre,
quem perdeu o emprego" e a celebrar os 120 mil lugares vazios dos
emigrantes: "Esta quadra natalícia será um momento especial para
recordarmos aqueles que estão mais longe, ou aqueles que se afastaram de nós no
último ano." Tanto sacrifício para défice
subir aos 6,4%, muito acima do acordado, dívida
pública atingir 124,1% e PIB contrair 3,2%.
2013, e eis Passos redentor:
"Começámos a vergar a dívida externa e pública que tanto tem assombrado a
nossa vida coletiva. Fizemos nestes anos progressos muito importantes na
redução do défice orçamental, e não fomos mais longe porque precisámos dos
recursos para garantir os apoios sociais e a ajuda aos desempregados." De
facto: num ano cortou-se CSI a 4818 idosos pobres e no OE 2014 vêm mais cortes,
também no RSI e ação social. Prevê-se 17,4%
de desemprego, com o de longa duração e jovem a aumentar (por mais
que o PM jure que se criaram 120 mil empregos). Dívida
vai a 127,8%, PIB contrai 1,5% e
défice deverá ficar em 5,9%, 1,4 pontos acima do acordado em 2012.
Mas o Pedro vê cenas. Este ano, às tantas, até houve presentes para todos lá em
casa.
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