domingo, 31 de agosto de 2014

São Tiago e Merkel

Extractos da conversa entre a chanceler alemã e o santinho aquando da visita à catedral de Compostela, em Espanha.

"Meu santo, porque é que os líderes europeus não me compreendem?"
 - "Eu sou santo mas não sou burro. As pessoas estão fartas de austeridade, de miséria, querem uma folga, um aumento de ordenado, uma esperança de que os seus países e a Europa cresçam em conjunto".
- "Mas isso é impossível, meu apóstolo de Cristo! Como é que um português ou um espanhol podem crescer como um alemão? Já viu os horários de trabalho? Têm folgas todos os fins de semana e subsídios que nunca mais acabam..."
- "Olhe que estão há quatro anos a penar, e com os juros que lhes cobrou..."
- "Meu santinho, não se pode facilitar com aquela gente... Se lhes tirar o chicote voltam à festa".
- "Se é para ter essa conversa é melhor ir já rezar três pais-nossos e cinco ave-marias ali defronte ao altar".
- "Mas, santinho... Eu não acredito..."
- "Então tire lá os braços de cima de mim e dê lugar a outro, vem ali um tal de Coelho que me parece estar muito mais necessitado de conforto do que a senhora. Passe bem e que o senhor esteja consigo".
Miguel Alexandre Ganhão, Subchefe de Redacção CM

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Surpresa do menu

Um alentejano entra numa tasca e vê:
Bagaço ------------------------------------------ 0,40 €
Pão com queijo ----------------------------- 0,80 €
Sanduiche de galinha ------------------- 1,20 €
Acariciar o órgão se*ual --------------- 10,00€
Verificou a carteira, para não passar por vergonhas, foi até ao balcão e chamou uma das três lindas empregadas:
- Por favor…
- Sim? Responde ela, com um belo sorriso. Em que posso ajudar?
- É você quem acaricia o órgão aos clientes?
- Sou… responde ela, com uma voz extra sensual.
- Então lave bem as mãos, que eu quero um pão com queijo!


terça-feira, 26 de agosto de 2014

A hidra

Um espectro percorre Portugal: é o espectro da pobreza, da miséria moral, da fraude, da mentira, do embuste, da indecência, da ladroagem, da velhacaria. Este indecoro do BES foi o destapar do fétido tacho da pouca-vergonha. Os valores mais rudimentares das relações humanas pulverizaram-se. Já antes haviam sido atingidos por decepções constantes daqueles que ainda acreditavam na integridade de quem dirige, decide, organiza. Agora, o surto alcançou a fase mais sórdida. Creio que, depois de se conhecer toda a extensão desta burla, algo terá de acontecer. Com outra gente, com outros padrões, não com estes que se substituem, num jogo de paciências cujo resultado é sempre o mesmo. Mas esta afirmação pertence aos domínios da fé, não aos territórios das certezas.
O Dr. Carlos Costa revelou ter avisado a família Espírito Santo de que ia ser removida. Na TVI, Marques Mendes, vinte e quatro horas antes, anunciara o cambalacho. Já destituído, Ricardo Salgado e os seus estabeleceram três negócios ruinosos para o banco, abrindo o buraco da vigarice para quase cinco mil milhões de euros. Quem são os outros cúmplices, e quais as razões explicativas de não estarem na cadeia?(Ler artigo complecto) 
Baptista Bastos, opinião DN

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Liberdade vs. dinheiro

Governo tem de investigar os deveres indignos que Cuba impõe aos médicos que trabalham em Portugal
O caso dos médicos cubanos é um daqueles em que o acessório se confunde com o essencial e em que os protagonistas trocaram os papéis. A Ordem dos Médicos actua como um sindicato preocupado com reclamar salários idênticos aos que são pagos aos colegas cubanos, a embaixada de Cuba ataca o bastonário José Manuel Silva como se fosse um dos partidos da maioria e o Ministério da Saúde brinca com os números. A ironia é que todos têm alguma razão: os médicos cubanos têm melhores condições e regalias salariais que os médicos de família em início de carreira (que ganham menos 1500 euros que os colegas americanos), os clínicos cubanos permitiram cobrir melhor o interior do país e melhorar o acesso ao Serviço Nacional de Saúde e o Estado tem um ganho financeiro efectivo se compararmos o custo de cada cubano com um médico no topo de carreira.

Mas mais importante que esta esgrima financeira e estatística é a questão ética – totalmente esquecida no meio do debate. Em primeiro lugar, dos 4230 euros pagos à empresa pública cubana pela vinda de cada clínico apenas 25%  vão para os clínicos propriamente ditos e para as suas famílias. A maior fatia, mais de 75%, vai para o próprio Estado cubano. É uma percentagem verdadeiramente agiota reclamada, ironia das ironias, por uma ditadura comunista. É certo que os fundos serão investidos no serviço nacional cubano, mas não é justo que os médicos (e as suas famílias) que prestam os verdadeiros serviços recebam apenas uma pequena parte da retribuição paga pelo Estado português.

Mas o mais grave é o suposto código de ética que o Estado cubano obriga os seus clínicos a seguir em missões no estrangeiro. Eis alguns exemplos: têm de informar os seus superiores quando começam a namorar com alguém, têm de avisar quando se ausentam das freguesias onde estão colocados, não podem falar à comunicação social sem autorização, só podem passar férias legais em Cuba e, claro, não podem ter relações com inimigos da revolução. São condições de trabalho que afectam direitos e liberdades básicas garantidas pela nossa Constituição e que deviam merecer a indignação da Ordem dos Médicos e de todos os sindicatos de profissionais de saúde. Além da mais que óbvia investigação do Ministério da Saúde e restantes autoridades de trabalho e judiciais para perceber se as leis portuguesas estão a ser respeitadas, Portugal, enquanto membro da União Europeia, não pode pactuar com este tipo de restrições, que afectam a dignidade humana. Esta vale muito mais do que qualquer ganho financeiro (Ler artigo complecto)

Luís Rosa, jornal i

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Espanha que luta

Em Espanha, há ex-ministros e banqueiros presos. Há dirigentes partidários, tesoureiros, autarcas, altos funcionários presos.
Em Espanha, nos últimos dois anos, houve 2 mil casos de corrupção com 800 condenados a penas de todo o tipo. Também têm más leis, poucos meios, lutas políticas no topo das magistraturas, perseguições a juízes como Garzón. Nada é perfeito, claro. Mas há uma Espanha que luta contra os crimes que fazem de toda a comunidade a sua vítima preferencial. Há uma Espanha que apoia uma justiça capaz de atacar o clã Pujol, reis da comissão de 3 por cento. Por cá, vivemos uma espécie de pureza originária. Parece que somos todos bons e sérios...
Eduardo Dâmaso, director-adjunto CM


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Para sorrir...

 Uma mulher chega à cozinha, de manhã, e diz ao marido:
- Sonhei toda a noite que estava a andar de bicicleta.
E diz o marido:
- A sério?! Eu também sonhei toda a noite. Sonhei que estive aos beijos e carícias com uma mulher lindíssima.
Encantada, a mulher diz:
- Oh, tão querido... Sonhaste comigo!!!
Responde o marido:
- Não!!! Tu tinhas ido andar de bicicleta.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A fuga dos investidores

O descalabro do BES e do universo empresarial da família Espírito Santo é uma tragédia que vai custar muito à economia.
E vamos todos pagar a factura. Com menos investimentos e financiamento externo, com menos dinâmica económica e com um custo elevado de desemprego. É pior do que os crimes do BPN. A nacionalização mal conduzida do banco de Oliveira e Costa elevará a conta para mais de 7 mil milhões de euros, mas o impacto externo foi quase nulo. O BPN/SLN era uma estrutura muito portuguesa e os sócios estrangeiros envolvidos não passavam de gangsters da mesma dimensão dos protagonistas lusos envolvidos. Mas o BES representava a elite, era a imagem do melhor de Portugal lá fora. Na intervenção do BES, os franceses do Crédit Agrícole perderam mais de 700 milhões, os brasileiros da Bradesco mais de 300 milhões e há vários fundos com prejuízos milionários. Enganados, não voltam tão cedo a este País. Há ainda o impacto negativo do crédito de 897 milhões da PT à Rioforte. Tudo isto passa para os mercados a imagem de um país de aldrabões, sem Justiça. Qualquer investidor relevante vai indexar Portugal a uma espécie de Serra Leoa, de onde convém fugir.
Armando Esteves Pereira, director-adjunto - CM


sábado, 9 de agosto de 2014

Conselho a Maria Luís

No caso BES, uma frase marcou o dia parlamentar.
"Aconselho-vos a ler a legislação aprovada nesta mesma casa", disse aos deputados a ministra das Finanças. Ora, Maria Luís Albuquerque faz parte de um Governo que garantiu a solidez do banco dias antes da hecatombe. "Aconselho-a a conhecer os números reais antes de falar sobre a solidez de um banco", pode agora dizer qualquer um dos pequenos accionistas que não conseguiram salvar o seu dinheiro. Também nós, contribuintes, gostaríamos de deixar o mesmo conselho: pense bem antes de continuar a garantir que o nosso dinheiro não vai ser utilizado.
 Se for preciso, pense 3,6 mil milhões de vezes antes de falar.
Carlos Rodrigues, director-adjunto CM


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O regime de Salgado

Já se percebeu tudo.
O Estado vai meter ou garantir milhares de milhões no BES. A factura que Ricardo Salgado e a sua trupe deixam é incalculável. Pode começar em 3 ou 4 mil milhões, mas pode acabar nuns 15 mil milhões. Seja o que for, será sempre à custa dos contribuintes. Tudo, aliás, será à nossa custa. A queda de Salgado é um golpe no regime moldado pela sua influência e pelos seus amigos nos partidos que nos governam, que tornaram a democracia numa mercadoria transaccionável. É uma espécie de PREC do capitalismo à portuguesa. E é um crime sem castigo à altura. As penas estão na factura que vamos pagar e não numa justiça sem vocação para punir poderosos.
Eduardo Dâmaso, director-adjunto - CM

sexta-feira, 1 de agosto de 2014