segunda-feira, 31 de março de 2014

Pensões: verdades, mentiras e verbos de encher

Há actividades onde sobra dinheiro para pagar à Segurança Social
Como é evidente, o secretário de Estado Leite Martins não mentiu. Limitou-se a uma jogada de informação subterrânea, atirou o barro à parede e deu umas dicas para preparar o povão para um sistema de cortes permanentes das pensões ligado à demografia. Os desmentidos foram pró- -formas, como comprova o facto de a criatura se manter em funções.
Partindo deste caso, observa- -se, por exemplo, a diferença em relação a outros países, como a falida Espanha, onde há dias os pensionistas receberam uma carta a anunciar- -lhes um pequeno aumento e a garantir-lhes que as pensões, tal como estão, são intocáveis. O mesmo sucede na Alemanha, onde uma reforma tem um valor sagrado, igual ao da propriedade.
Por cá, procura-se furiosamente tornar os cortes definitivos, como todos adivinhávamos apesar das juras em contrário. O processo é decidido no Ministério das Finanças, sendo o da Segurança Social remetido a um papel decorativo, enquanto os membros do grupo de trabalho inventado para estudar a reforma das pensões são transformados em verbos de encher que estranhamente não se demitem. A situação é tão surrealista que não há nota de que o grupo se reúna, quanto mais de que tenha sugerido soluções. Uma vergonha a acrescentar à ópera bufa proporcionada pelo secretário de Estado.
As questões relacionadas com as reformas não podem continuar a ser tratadas de forma precipitada e agarotada, (Ler tudo
Eduardo Oliveira Silva, jornal i

domingo, 30 de março de 2014

Vamos rir...

Um homem está na fila da caixa no supermercado.
De repente, observa que uma loira lhe acena e lança um sorriso
daqueles de cair o queixo.
Ele deixa por momentos o carrinho das compras na fila, dirige-se à loira e diz-lhe suavemente:
- Desculpe, será que nos conhecemos?
Ela responde, sempre com aquele sorriso:
- Não se lembra de mim?! Você é o pai de uma das minhas crianças…
O tipo põe-se imediatamente a vasculhar a memória e pensa na única vez
em que foi infiel à esposa, perguntando de imediato à loira:
- Não me diga que você é aquela stripper da Zuleika Drinks, que depois
de um show acabou a fazer sexo comigo sobre uma mesa de
bilhar, diante de todos os presentes e eu totalmente bêbado?!
Resposta imediata da loira:
- Ó Homem, controle-se!!!…
Eu sou a professora do seu filho!!!

sábado, 29 de março de 2014

Palavra de honra

"O corte de remunerações, por imperativo legal, só pode ser transitório. Medidas deste tipo apenas podem ser justificadas em condições excepcionais e as condições excepcionais não podem ter duração indefinida." Gaspar, 17/10/2011
"[É preciso evitar] medidas intoleráveis como o despedimento indiscriminado de funcionários públicos. O Estado tem compromissos a que não deve renunciar, nem numa situação de emergência. É a pensar na prioridade do emprego que o OE 2012 prevê a eliminação dos subsídios de férias e de Natal [para funcionários públicos e pensionistas]. Esta medida é evidentemente temporária e vigorará apenas na vigência do programa de assistência económica e financeira." Passos, 3/10/2011
"Não me parece que estejamos num ciclo perverso. A austeridade é necessária para evitar precisamente uma austeridade mais descontrolada e selvagem" Gaspar, 28/2/2012
"A suspensão [dos subsídios de Natal e de férias de pensionistas e funcionários públicos] vigorará até ao final da vigência do programa de ajustamento, como é claramente dito no relatório do OE 2012. Esta é a posição que o Governo tem, é a posição que o Governo sempre teve." Gaspar, 4/4/2012
"A partir de 2015 iniciaremos a reposição gradual dos subsídios de férias e de Natal bem como os cortes nos salários da função pública efectivados em 2011. O Documento de Estratégia Orçamental hoje aprovado não prevê mais medidas de austeridade e novos impostos. Este documento fixa o nível de despesa do Estado até 2016." Passos, 30/4/2012
"O programa de rescisões na função pública deve ser encarado como uma oportunidade e não uma ameaça. Apenas sairão os que o desejarem." Passos 18/3/2013 (Ler tudo)
Fernanda Câncio, DN

sábado, 22 de março de 2014

Cortador de profissão


Chamo-me Passos Coelho
Cortador de profissão
Corto ao jovem, corto ao velho,
Corto salário e pensão
Corto subsídios, reformas
Corto na Saúde e na Educação
Corto regras, leis e normas
E cago na Constituição

Corto ao escorreito e ao torto
Fecho Repartições, Tribunais
Corto bem-estar e conforto,
Corto aos filhos, corto aos pais
Corto ao público e ao privado
Aos independentes e liberais
Mas é aos agentes do Estado
Que gosto de cortar mais

Corto regalias, corto segurança
Corto direitos conquistados
Corto expectativas, esperança
Dias Santos e feriados
Corto ao polícia, ao bombeiro
Ao professor, ao soldado
Corto ao médico, ao enfermeiro
Corto ao desempregado
No corte sou viciado
A cortar sou campeão

Mas na gordura do Estado
Descansem, não corto, não.
Eu corto
a Bem da Nação
(autor desconhecido)

sexta-feira, 21 de março de 2014

Fraudes na banca, bufos no autocarro

Espalhados por Lisboa, andam cartazes com dois olhos vigilantes. Só graficamente, a coisa já é sinistra. Mas faz justiça ao que nos pede: que ajudemos a combater a fraude. Como o apelo não se resume ao pagamento dos nossos bilhetes, o que se pede é que sejamos bufos. E explica-se porquê. Porque menos gente a pagar é menos carreiras e pior qualidade no serviço. Na realidade, fico espantado. Os preços dos títulos de transporte subiram exponencialmente nos últimos anos, por decisão dos mesmos senhores que fizeram estes cartazes. As carreiras diminuíram. O serviço degradou-se. E, ao que parece, os serviços da Carris e do Metro até vão ser concessionados a privados, até junho, o que torna este anúncio ainda mais absurdo. Foi por causa das fraudes que tudo isto aconteceu? Só se nela se incluírem os swaps. E nem todos os olhos bem abertos para as responsabilidades passadas e presentes da ministra das Finanças, enterrada na coisa até às orelhas, a tiraram do lugar.
Mas o que mais me perturbou foi ver aqueles olhos azuis esbugalhados a apelarem à delação enquanto lia, nas capas dos jornais, que Jardim Gonçalves se tinha safado de uma multa de um milhão de euros, por prescrição. É ver que Oliveira e Costa e Rendeiro podem ir pelo mesmo caminho. E que é mais fácil um banqueiro manipular o mercado de acções e enganar o Estado e os depositantes em milhões do que um desgraçado andar no metro à borla. […]
Um desempregado anda nos transportes que o senhor Sérgio Monteiro se prepara para privatizar? Comigo, pode estar descansado. O máximo que farei será empatar algum tempo o fiscal para lhe dar tempo para escapar. Faço mal? Não farei nem mais nem menos do que o Banco de Portugal e o Ministério Público fizeram com Jardim Gonçalves. E sempre ajudo alguém que precisa.(Ler tudo)
Daniel Oliveira, j.expresso

quinta-feira, 20 de março de 2014

O mito do bom aluno

Podemos escolher o modo de mandar a troika às malvas que a Alemanha apoiará qualquer um

Regressa o mito do bom aluno na Europa. Merkel deu nota vinte a Passos Coelho e este agradeceu. Se Passos soubesse encontrar solução que não passasse por uma maior destruição do SNS, da escola pública ou por mais cortes nas pensões e salários teria valido a pena o sacrifício. Já sabemos, porém, que essa não é a arte do governo. A guerra do consenso com o PS é só mais um passo para encontrar companhia no resultado que, mais caminho menos caminho, a Alemanha quer: salários mais baixos, pensões mais curtas. Merkel sabe que essa é agenda de Passos e por isso lhe dá nota vinte.
Eduardo Dâmaso,C.M.

sábado, 15 de março de 2014

Os papistas e as pedras pretas

Esta semana li sobre o manifesto dos 70: os papistas de um lado – "esta economia mata" – as peças pretas do outro – "o mercado resolve".
De vez em quando passo os olhos nas páginas da secção de política dos jornais e também vejo os telejornais, embora só muito de vez em quando – não aguento mais do que uma vez por semana. Não é porque as notícias sejam todas más ou negativas, é porque são quase todas a preto e branco.
Há os de preto e há os de branco, como num jogo de xadrez. Não há nuances. O mundo da informação política é maniqueísta. Não é uma coisa nossa, embora por cá a opinião, que é bem mais barata do que a informação, seja, há muito, o pão nosso de cada dia. Se nos dermos ao trabalho de ouvir informação política norte-americana damo-nos conta do mesmo maniqueísmo.
Há tempos, Jon Stewart fez uma brilhante peça no Daily Show sobre o tema onde goza a pergunta "Is that a good thing or a bad thing?". Vale a pena ver aqui
A opinião triunfou sobre a informação, sobre os factos, sobre os números. A razão talvez seja económica, como referi: a opinião é muito mais barata do que a informação e mais facilmente manipulada. Para ter opinião basta abrir a boca. Pode ser uma boca mais culta ou menos culta, mais ou menos informada com alicerces mais ou menos sólidos, mas a opinião que de lá sai é sempre uma manifestação emocional; tem uma valência negativa ou positiva. É sempre a favor ou contra, acho/não acho, gosto/não gosto, bom/mau. Esta simetria anula-se e o valor das notícias baseadas em formatos de fórum, debate, contraditório, opinião é o impasse: o zero. (Ler mais)
Pedro Bidarra, psicossociólogo e autor

segunda-feira, 10 de março de 2014

O truque da raspadinha

Um perito alertou para o facto de o Fisco estar a incentivar o número de contribuinte nas faturas para criar perfis de consumo e fiscalizar os padrões de gastos face ao rendimento declarado.
A economia paralela é uma chaga social que penaliza os trabalhadores por conta de outrem e os pensionistas, que são os contribuintes que não têm meios de escapar às obrigações fiscais.
A generalização das faturas é uma boa medida para diminuir a evasão ao Fisco. No entanto, a ideia apadrinhada pelo secretário de Estado Paulo Núncio, a fatura da sorte, acaba também por ser um engodo. Por um punhado de euros de deduções fiscais, acrescido da possibilidade de participar na raspadinha fiscal, os cidadãos oferecem ao Fisco uma base de dados valiosa.

Armando Esteves Pereira, director-adjunto CM

sexta-feira, 7 de março de 2014

Curtinha...

Uma mulher entra numa loja de roupa e pergunta:

- Vendem roupa de noite?

- Não, de noite estamos fechados…

quinta-feira, 6 de março de 2014

A 100 dias do Mundial

É uma coincidência bizarra que o Carnaval tenha marcado os 100 dias para o Mundial.
No Brasil, a aventura começou com promessas de que tudo seria pago pelos privados. Hoje, a derrapagem para os dinheiros públicos é, afinal, assombrosa. Perante o atraso nas obras e a contestação social, a própria FIFA desconfia agora que talvez tenha sido um erro entregar a organização ao Brasil. Atenta à má fama que a candidatura a estas competições começa a ganhar, a UEFA alterou o modelo. Em 2020, o Europeu será organizado em 20 cidades. Em Portugal, há a tentação de candidatar Lisboa e Porto. É preciso estar atento: este pode ser um filme de terror a que dificilmente se resiste duas vezes.
Carlos Rodrigues, director-adjunto CM

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sim...são grandes as diferenças!

Winston Churchill sabia o que distinguia a táctica da estratégia. Por isso o seu legado continua a ser sublinhado. Dizia ele: "A diferença entre um político e um estadista é que o primeiro pensa nas próximas eleições e o segundo na próxima geração".

Em Portugal quase todos pensam na próxima eleição. Muito poucos na próxima geração. ...

Fernando Sobral - A ferrugem do regime