Esta
semana li sobre o manifesto dos 70: os papistas de um lado – "esta
economia mata" – as peças pretas do outro – "o mercado resolve".
De vez em quando passo os olhos nas páginas da secção de política
dos jornais e também vejo os telejornais, embora só muito de vez em quando –
não aguento mais do que uma vez por semana. Não é porque as notícias sejam
todas más ou negativas, é porque são quase todas a preto e branco.
Há
os de preto e há os de branco, como num jogo de xadrez. Não há nuances. O mundo
da informação política é maniqueísta. Não é uma coisa nossa, embora por cá a
opinião, que é bem mais barata do que a informação, seja, há muito, o pão nosso
de cada dia. Se nos dermos ao trabalho de ouvir informação política
norte-americana damo-nos conta do mesmo maniqueísmo.
Há
tempos, Jon Stewart fez uma brilhante peça no Daily Show sobre o tema onde goza
a pergunta "Is that a good thing or a bad thing?". Vale a pena ver aqui
A
opinião triunfou sobre a informação, sobre os factos, sobre os números. A razão
talvez seja económica, como referi: a opinião é muito mais barata do que a
informação e mais facilmente manipulada. Para ter opinião basta abrir a boca.
Pode ser uma boca mais culta ou menos culta, mais ou menos informada com
alicerces mais ou menos sólidos, mas a opinião que de lá sai é sempre uma
manifestação emocional; tem uma valência negativa ou positiva. É sempre a favor
ou contra, acho/não acho, gosto/não gosto, bom/mau. Esta simetria anula-se e o
valor das notícias baseadas em formatos de fórum, debate, contraditório,
opinião é o impasse: o zero. (Ler mais)
Pedro
Bidarra, psicossociólogo e autor
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