sábado, 29 de setembro de 2012

Telefonema!


- Estou, quem é que fala?
Respostas sempre muito baixinhas:
- É o João.
- Posso falar com a tua mãe?
- Poder, pode, mas está ocupada.
- Então e com o teu pai?
- Poder, pode, mas está ocupado.
- E está mais alguém em tua casa?
- Está, estão a polícia e os bombeiros!
- Ouve lá, então posso falar com alguém?
- Poder, pode mas estão ocupados!
-Oh Puto, tão ocupados a fazer o quê?
- Estão à minha procura!

Entrevista com 11 meses (posição dos Juizes -13º, 14º mês)

“O Estado não tem o direito de pagar a uns e não a outros.
29-Out-2011
 Antes de embarcar num avião para os Açores, onde vai estar este fim-de-semana no congresso dos juízes portugueses, o magistrado António Martins teve tempo de explicar ao Expresso porque é que o corte dos subsídios de férias e Natal é ilegal - não devendo ser cumprido mesmo que aprovado pelo Parlamento - e como é inadmissível que o Estado trate os seus credores de forma diferente. Porque os funcionários públicos são tão credores como os donos da dívida pública.
 - Porque é que o corte dos subsídios de férias e de Natal é ilegal?
 - O património das pessoas só pode ser objecto de incorporação no património do Estado por vias legais. E elas são o imposto, a nacionalização ou a expropriação. Não é possível ao Estado dizer: vou deixar de pagar a este meu servidor ou funcionário. O que o Estado está a fazer desta forma é a confiscar o crédito daquela pessoa. Por força de uma relação de emprego público, aquela pessoa tem um crédito em relação ao Estado, que é resultado do seu trabalho. Há aqui uma apropriação desse dinheiro, que configura um confisco: isso é ilegal e inconstitucional. 
- Mas não há excepções que tornem o corte legítimo?
- Há o estado de emergência e o estado de sítio, em que os direitos das pessoas podem ser comprimidos ou suspensos durante algum tempo. Mas não foi decretado o estado de sítio ou o estado de emergência. E não o tendo sido decretado, o Estado continua sujeito ao respeito dos direitos dos cidadãos. Pode-se dizer, e nós já o afirmámos, que vivemos um momento difícil, em que é necessário salvar o país. E todos devemos ser mobilizados para essa salvação. Mas de forma adequada, precisamente pela via do imposto.
- Quer dizer que a redução para metade do subsídio de Natal deste ano já não é ilegal?
 - Não é um corte. É um imposto. O imposto é lançado sobre todos, ou seja, tem carácter universal, abrangendo todos aqueles que têm capacidade contributiva, que advém dos rendimentos do trabalho mas também dos rendimentos do capital. E tem ainda carácter progressivo, em que quem mais ganha mais paga. Essa é a via justa e equitativa que respeita o direito. É a via adequada para salvar o país. Há um erro profundo na forma como se está a enquadrar esta questão. Porque há uma pergunta que subsiste: onde pára o limite disto? Qualquer dia o Governo lembra-se de decidir que as famílias com dois carros vão ter de entregar um. A situação é a mesma. Ficar com um carro de um cidadão ou ficar com o seu dinheiro é igual.
- E o que vai fazer para combater essa decisão?
 - Da parte dos juízes, achamos que temos uma responsabilidade de cidadania e um imperativo de transmitir aos cidadãos portugueses que esta medida, ainda que venha a ser aprovada pelo Parlamento e ainda que venha a ser lei, não é uma lei conforme ao direito e à justiça.
- Será, portanto, uma lei ilegal?
- É uma lei ilegal e que não deve ser cumprida. Os cidadãos podem recorrer aos tribunais para salvaguardarem os seus direitos. E no espaço dos tribunais, por enquanto, num Estado de direito, que se deve equacionar a legalidade das leis e o seu cumprimento ou não. Cabe aos tribunais dizer se elas são conformes ao direito, à justiça e à constituição. Essa é a nossa grande preocupação neste momento.
 - Está a apelar para que se recorra em massa aos tribunais?
- Não se trata de um apelo. Caberá a cada cidadão fazer a sua opção. Não estamos a apelar a uma intervenção maciça das pessoas juntas dos tribunais. Temos é um dever de fazer ouvir a voz dos juízes para que os cidadãos não se sintam completamente desprotegidos e abandonados perante este poder fáctico do Estado e que tem apoio em comentadores e opinion makers que aparentemente caucionam toda esta actuação.
 - Mas, se a decisão é aprovada pela maioria do Parlamento, ir contra ela não é, de certa forma, um ato de desobediência civil?
 - Não se trata de desobediência civil. É um exercício de um direito. Mas queremos, antes que venha a ser lei, que os parlamentares não sejam apenas deputados eleitos na lista de um partido. Queremos que debatam, como representantes das pessoas que os elegeram, se esta é a forma de um Estado ser um Estado de bem. Porque é que o Estado opta por dizer que não paga a estas pessoas e, em vez disso, não opta por dizer que não paga às entidades com as quais fez negócios ruinosos nos últimos anos, celebrando parcerias público-privadas com contratos leoninos?
- Há cláusulas nesses contratos que obrigam, certamente, a pagamentos de multas pesadas…
- E para os trabalhadores públicos não há cláusulas? É obrigação do Estado pagar-lhes os vencimentos, incluindo o 13.º e o 14.º meses. Está na lei.
- Acharia mais legítimo não pagar parte das parcerias público-privadas?
 - Um Estado de bem tem a obrigação de pagar a todos os seus credores. Se não tiver possibilidade de pagar a todos, também não tem o direito de dizer que paga a uns e não paga a outros. Esta é a questão. O Estado não tem direito de dizer que paga aos seus credores internacionais, aos seus credores das parcerias público-privadas, aos credores que defraudaram os depositantes no BPN e no BPP, mas não paga às pessoas que trabalham no sector público. 
Micael Pereira | Expresso | 29-10-2011

"Boas ofertas"

Parque da Gorongosa, Moçambique


Gorongosa, National Park Tourism Promo from Bob Poole on Vimeo.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Qual o receio de lhe verem a cara?


Pela educação e modos usados, devem ter algum receio de serem reconhecidos na via pública.

Pequenas diferenças...

Anedota do dia

Passos Coelho caiu ao rio e dois jovens salvam-no.
Agradecido, quis recompensa-los:
-O que desejavas ter?
-Um computador.
-Pois vais tê-lo. E tu?
-Uma cadeira de rodas…
-Para quê?
-Quando eu contar ao meu pai que salvei o primeiro-ministro ele parte-me as pernas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Proposta de troca de idosos por reclusos


ADMITAMOS QUE ESTA PROPOSTA REFLECTE UMA TRISTE REALIDADE...

UMA IDEIA A EXPLORAR?
Colocar os nossos idosos nas cadeias e os delinquentes fechados nas casas dos velhos

Desta maneira, os idosos teriam todos os dias acesso a um duche, lazer, passeios.

Não teriam necessidade de fazer comida, fazer compras, lavar a loiça, arrumar a casa, lavar roupa etc.

Teriam medicamentos e assistência médica regular e gratuita.
Estariam permanentemente acompanhados.

Teriam refeições quentes, e a horas.

Não teriam que pagar renda pelo seu alojamento.
Teriam direito a vigilância permanente por vídeo, pelo que receberiam assistência imediata em caso de acidente ou emergência, totalmente gratuita.

As suas camas seriam mudadas duas vezes por semana, e a roupa lavada e passada com regularidade.
Um guarda visitá-los-ia a cada 20 minutos e levar-lhes-ia o correio directamente em mão.

Teriam um local para receberem a família ou outras visitas.

Teriam acesso a uma biblioteca, sala de exercícios e terapia física/espiritual.
Seriam encorajados a arranjar terapias ocupacionais adequadas, com formador instalações e equipamento gratuitos.

Ser-lhes-ia fornecido gratuitamente roupa e produtos de higiene pessoal.
Teriam assistência jurídica gratuita.

Viveriam numa habitação privada e segura, com um pátio para convívio e exercícios.
Acesso a leitura, computador, televisão, rádio e chamadas telefónicas na rede fixa.

Teriam um secretariado de apoio, e ainda Psicólogos, Assistentes Sociais, Políticos, Televisões, Amnistia Internacional, etc., disponíveis para escutarem as suas queixas.
O secretariado e os guardas seriam obrigados a respeitar um rigoroso código de conduta, sob pena de serem duramente penalizados.

Ser-lhes-iam reconhecidos todos os direitos humanos internacionalmente convencionados e subscritos por Portugal.

 Por outro lado, nas casas dos idosos:
Os delinquentes viveriam com € 200 numa pequena habitação com obras feitas há mais de 50 anos.

Teriam que confeccionar a sua comida e comê-la muitas vezes fria e fora de horas.

Teriam que tratar da sua roupa.
Viveriam sós e sem vigilância.

Esquecer-se-iam de comer e de tomar os medicamentos e não teriam ninguém que os ajudasse.
De vez em quando seriam vigarizados, assaltados ou até violados.

Se morressem, poderiam ficar anos, até alguém os encontrar.
 As instituições e os políticos não lhes ligariam qualquer importância.

Morreriam após anos à espera de uma consulta médica ou de uma operação cirúrgica.

Não teriam ninguém a quem se queixar.
Tomariam um banho de 15 em 15 dias, sujeitando-se a não haver água quente ou a caírem na banheira velha,

Passariam frio no Inverno porque a pensão de € 200 não chegaria para o aquecimento.
O entretenimento diário consistiria em ver telenovelas, a Fátima, o Goucha, a Júlia Pinheiro e afins na televisão.

Digam lá se desta forma não haveria mais justiça para todos, e os contribuintes agradeceriam?!

domingo, 16 de setembro de 2012

Sabedoria Popular (19 novos provérbios)

1. Em Janeiro sobe ao outeiro; se vires verdejar, põe-te a cantar, se vires o Passos, põe-te a chorar
2. Quem vai ao mar avia-se em terra; quem vota Passos, mais cedo se enterra.
3. Passos a rir em Janeiro, é sinal de pouco dinheiro.
4. Quem anda à chuva molha-se; quem vota em Passos lixa-se.
5. Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão; parvo que vota em Passos, tem cem anos de aflição.
6. Gaivotas em terra temporais no mar; Passos em São Bento, o povinho a penar
7. Há mar e mar, há ir e voltar; só vota em Passos quem se quer afogar.
8. Março, marçagão, manhã de Inverno tarde de Verão; Passos, Soarão, manhã de Inverno tarde de inferno.
9. Burro carregando livros é um doutor; burro carregando o Passos é burro mesmo.
10. Peixe não puxa carroça; votar em Passos, asneira grossa.
11. Amigo disfarçado, inimigo dobrado; Passos empossado, povinho lixado.
12. A ocasião faz o ladrão, e de Passos um aldrabão.
13. Antes só que mal acompanhado, ou com Passos ao lado.
14. A fome é o melhor cozinheiro, Passos o melhor coveiro.
15. Olhos que não vêm, coração que não sente, mas aturar o Passos, não se faz à gente.
16. Boda molhada, boda abençoada; Passos eleito, pesadelo perfeito.
17. Casa roubada, trancas na porta; Passos eleito, ervas na horta.
18. Com Passos e bolos se enganam os tolos.
19. Não há regra sem excepção, nem Passos sem confusão.

sábado, 15 de setembro de 2012

Vale a pena ler...

"A INÚTIL" (professora) escreveu a Miguel Sousa Tavares.....
Sobre os Professores
É do conhecimento público que o senhor Miguel de Sousa Tavares considerou 'os professores os inúteis mais bem pagos deste país.' Espantar-me-ia uma afirmação tão generalista e imoral, não conhecesse já outras afirmações que não diferem muito desta, quer na forma, quer na índole. Não lhe parece que há inúteis, que fazem coisas inúteis e escrevem coisas inúteis, que são pagos a peso de ouro? Não lhe parece que deveria ter dirigido as suas aberrações a gente que, neste deprimente país, tem mais do que uma sinecura e assim enche os bolsos? Não será esse o seu caso? O que escreveu é um atentado à cultura portuguesa, à educação e aos seus intervenientes, alunos e professores. Alunos e professores de ontem e de hoje, porque eu já fui aluna, logo de 'inúteis', como o senhor também terá sido. Ou pensa hoje de forma diferente para estar de acordo com o sistema?
O senhor tem filhos? - a minha ignorância a este respeito deve-se ao facto de não ser muito dada a ler revistas cor-de-rosa. Se os tem, e se estudam, teve, por acaso, a frontalidade de encarar os seus professores e dizer-lhes que 'são os inúteis mais bem pagos do país.'? Não me parece... Estudam os seus filhos em escolas públicas ou privadas? É que a coisa muda de figura! Há escolas privadas onde se pagam substancialmente as notas dos alunos, que os professores 'inúteis' são obrigados a atribuir. A alarvidade que escreveu, além de ser insultuosa, revela muita ignorância em relação à educação e ao ensino. E, quem é ignorante, não deve julgar sem conhecimento de causa. Sei que é escritor, porém nunca li qualquer livro seu, por isso não emito julgamentos sobre aquilo que desconheço. Entende ou quer que a professora explique de novo?
Sou professora de Português com imenso prazer. Oxalá nunca nenhuma das suas obras venha a integrar os programas da disciplina, pois acredito que nenhum dos 'inúteis' a que se referiu a leccionasse com prazer. Com prazer e paixão tenho leccionado, ao longo dos meus vinte e sete anos de serviço, a obra de sua mãe, Sophia de Mello BreynerAndersen, que reverencio. O senhor é a prova inequívoca que nem sempre uma sã e bela árvore dá são e belo fruto. Tenho dificuldade em interiorizar que tenha sido ela quem o ensinou a escrever. A sua ilustre mãe era uma humanista convicta. Que pena não ter interiorizado essa lição! A lição do humanismo que não julga sem provas! Já visitou, por acaso, alguma escola pública? Já se deu ao trabalho de ler, com atenção, o documento sobre a avaliação dos professores? Não, claro que não. É mais cómodo fazer afirmações bombásticas, que agitem, no mau sentido, a opinião pública, para assim se auto-publicitar.
Sei que, num jornal desportivo, escreve, de vez em quando, umas crónicas e que defende muito bem o seu clube. Alguma vez lhe ocorreu, quando o seu clube perde, com clubes da terceira divisão, escrever que 'os jogadores de futebol são os inúteis mais bem pagos do país.'? Alguma vez lhe ocorreu escrever que há dirigentes desportivos que 'são os inúteis' mais protegidos do país? Presumo que não, e não tenho qualquer dúvida de que deve entender mais de futebol do que de Educação. Alguma vez lhe ocorreu escrever que os advogados 'são os inúteis mais bem pagos do país'? Ou os políticos? Não, acredito que não, embora também não tenha dúvidas de que deve estar mais familiarizado com essas áreas. Não tenho nada contra os jogadores de futebol, nada contra os dirigentes desportivos, nada contra os advogados.
Porque não são eles que me impedem de exercer, com dignidade, a minha profissão. Tenho sim contra os políticos arrogantes, prepotentes, desumanos e inúteis, que querem fazer da educação o caixote do (falso) sucesso para posterior envio para a Europa e para o mundo. Tenho contra pseudo-jornalistas, como o senhor, que são, juntamente com os políticos, 'os inúteis mais bem pagos do país', que se arvoram em salvadores da pátria, quando o que lhes interessa é o seu próprio umbigo.
Assim sendo, Sr. Miguel de Sousa Tavares, informe-se, que a informaçãozinha é bem necessária antes de 'escrevinhar' alarvices sobre quem dá a este país, além de grandes lições nas aulas, a alunos que são a razão de ser do professor, lições de democracia ao país. Mas o senhor não entende! Para si, democracia deve ser estar do lado de quem convém.
Por isso, não posso deixar de lhe transmitir uma mensagem com que termina um texto da sua sábia mãe: ‘Perdoai-lhes, Senhor Porque eles sabem o que fazem.'
Ana Maria Gomes
Escola Secundária de Barcelos

Vistas de Lisboa

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Austeridade classificada em 30 segundos

A definição da Austeridade do empresário, Jorge Rebelo de Almeida, na Sic (com vídeo).

As medidas de austeridade não agradam, nem aos empresários e patrões do País. O empresário, Jorge de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé e membro da Confederação de Turismo, utilizou um exemplo muito interessante no programa, “Negócios da Semana”, na Sic Notícias, na passada quarta-feira (12 de Setembro de 2012), para definir a postura deste Governo, em trinta segundos. Citou um general (Macedo de Amorim), que não era conhecido por ser uma pessoa muito “polida” e uma resposta que terá dado a um comandante de uma banda militar, que ao perguntar-lhe: “Meu general, para onde vamos e o que tocamos? Recebeu a seguinte resposta: “Bardamerda, e caladinhos”!







"Publicidade" e humor a Portugal!...

“Aplausos” para os nossos governantes.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Vamos a eles!...

Papagaio felicíssimo!

Um menino regressa da escola cansado por andar a pé uma grande distância. O governo subiu os preços e não há dinheiro para o passe.
Faminto, pergunta à mãe;
- Mãe, o que temos para comer?
- Nada, filho!
O menino olha para o papagaio que têm em casa e pergunta:
- Mamã, porque não comemos papagaio com arroz?
- Não há arroz!
- E papagaio no forno?
- Não há gás!
- E papagaio no grelhador eléctrico?
- Não há electricidade!
- E papagaio frito?
- Não há azeite!
_ Mãe, então Vamos comer o Coelho!!!!!!!!!!!
O papagaio felicíssimo grita:
Do PSD!!! PSD!!! PSD!!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Carta aberta ao PM


Texto que publico na íntegra é do escritor e ensaísta Eugénio Lisboa e foi retirado daqui.        
O autor foi presidente da Comissão Nacional da UNESCO / conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Londres entre 1978-1995 / professor catedrático especial de Estudos Portugueses na Universidade de Nottingham / professor catedrático visitante da Universidade de Aveiro / e coordenador do ensino da língua portuguesa na Suécia. É Doutor Honoris Causa pelas universidades de Nottingham e Aveiro. A Câmara de Cascais outorgou-lhe a medalha de Mérito Cultural.
 Em Moçambique foi sucessivamente administrador e director das petrolíferas SONAPMOC, SONAREP e TOTAL.
*******
CARTA AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL
Exmo. Senhor Primeiro Ministro
Hesitei muito em dirigir-lhe estas palavras, que mais não dão do que uma pálida ideia da onda de indignação que varre o país, de norte a sul, e de leste a oeste. Além do mais, não é meu costume nem vocação escrever coisas de cariz político, mais me inclinando para o pelouro cultural. Mas há momentos em que, mesmo que não vamos nós ao encontro da política, vem ela, irresistivelmente, ao nosso encontro. E, então, não há que fugir-lhe.
Para ser inteiramente franco, escrevo-lhe, não tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito    todo o vosso comportamento, neste primeiro ano de governo, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! — mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência. Tenho 82 anos e pouco me restará de vida, o que significa que, a mim, já pouco mal poderá infligir V. Exa. e o algum que me inflija será sempre de curta duração. É aquilo a que costumo chamar “as vantagens do túmulo” ou, se preferir, a coragem que dá a proximidade do túmulo. Tanto o que me dê como o que me tire será sempre de curta duração. Não será, pois, de mim que falo, mesmo quando use, na frase, o “odioso eu”, a que aludia Pascal.
Mas tenho, como disse, 82 anos e, portanto, uma alongada e bem vivida experiência da velhice — a minha e da dos meus amigos e familiares. A velhice é um pouco — ou é muito – a experiência de uma contínua e ininterrupta perda de poderes. “Desistir a derradeira tragédia”, disse um escritor pouco conhecido. Desistir é aquilo que vão fazendo, sem cessar, os que envelhecem. Desistir, palavra horrível. Estamos no verão, no momento em que escrevo isto, e acorrem-me as palavras tremendas de um grande poeta inglês do século XX (Eliot): “Um velho, num mês de secura”... A velhice, encarquilhando-se, no meio da desolação e da secura. É para isto que servem os poetas: para encontrarem, em poucas palavras, a medalha eficaz e definitiva para uma situação, uma visão, uma emoção ou uma ideia.
A velhice, Senhor Primeiro Ministro, é, com as dores que arrasta — as físicas, as emotivas e as morais — um período bem difícil de atravessar. Já alguém a definiu como o departamento dos doentes externos do Purgatório. E uma grande contista da Nova Zelândia, que dava pelo nome de Katherine Mansfield, com a afinada sensibilidade e sabedoria da vida, de que V. Exa. e o seu governo parecem ter défice, observou, num dos contos singulares do seu belíssimo livro intitulado The Garden Party: “O velho Sr. Neave achava-se demasiado velho para a primavera.” Ser velho é também isto: acharmos que a primavera já não é para nós, que não temos direito a ela, que estamos a mais, dentro dela... Já foi nossa, já, de certo modo, nos definiu. Hoje, não. Hoje, sentimos que já não interessamos, que, até, incomodamos. Todo o discurso político de V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós. Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto, descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo. Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais — tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter, para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.
Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos, situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14º andar, explicava, a desolação que se comtempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa, e do seu robôtico Ministro das Finanças — sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... — têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.
Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida — tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes  termos: “Extremismo e conservantismo são termos contraditórios”. Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A “conservadora” Margaret Thatcher — como o “conservador” Passos Coelho — quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá.
Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. — e com isto termino — uma pista para um bom entendimento do que se está a passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras: “Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio.” Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.
De V. Exa., atentamente,
Eugénio Lisboa

 

=O "balão" está cheio!=



Paulo Gaião -Expresso






1:39 Quarta, 12 de Setembro de 2012


E agora? Agora é só uma questão de tempo até Passos Coelho cair. Um Passos sem visão estratégica perante o seu país e a própria troika, sem coragem para tomar as decisões mais difíceis (ainda que nos iluda do contrário), um mero liquidador de impostos que nem chegaram para abater no défice e que recusou a oportunidade que a troika lhe deu de mudar a face do país. Quem rezará por ele? Talvez só  Miguel Relvas.      
O contrato mínimo de confiança de Passos com os portugueses rompeu-se aos bocadinhos numa só semana. Primeiro com a intervenção ao país de 7 de Setembro. Depois com a mensagem serôdia no Facebook. Ontem com os impostos para os mais ricos anunciados por Vitor Gaspar, que as classes médias já só conseguem ver como alibi para o governo lhes atirar a bazooka fiscal para cima, não fazer reformas profundas em todas as áreas do Estado e afrontar, a bem ou a mal, os  interesses corporativos que pululam por todo o lado, no sector das Forças Armadas, da Saúde, da Justiça, da Energia, das PPP, do SEE, da  administração central e local.  
Mas mesmo perante o Apocalipse, os jogos políticos não páram. De Paulo Portas. Da matilha laranja. Que pede mudanças para que tudo fique na mesma e não se façam verdadeiras rupturas no regime.  
Paulo Portas já afia o dente. Até o lobby da RTP apelou ao seu patriotismo e ele aproveita. É como patriota (já sem rebuço de o dizer) que se mantém reservado, convoca a Comissão Política e o Conselho Nacional do partido. Para dramatizar e sair de lá ainda mais patriota. Irá, claro, manter o apoio à coligação por amor a Portugal. Não será ele a dar o tiro fatal a Passos, porque espera ganhar com este ato de misericórdia.  
Mas até lá fará perceber ainda mais ao povo que está contra a violência fiscal e as privatizações ao desbarato  mas que nada pode fazer porque é só um pequeno partido de dois dígitos com pouco valor.   
Esperará, sim, que a matilha social-democrata que já se atirou a Passos devore por inteiro este  homem que morre sem glória  para a política laranja quase como nasceu, a jogar para positivos e negativos numa mesa de King em Vila Real.
Paulo Portas pensa que chegou finalmente a sua hora. A hora em que o CDS vai aproximar-se na casa dos 20% do PSD nas próximas eleições legislativas (que podem ser ainda primeiro que as autárquicas). Se não ultrapassar mesmo  os social-democratas... Fazendo ao PSD o que o Syriza grego fez aos socialistas do PASOK  
Só há um pequeno problema nos planos de Portas. A matilha social-democrata que vai matar Passos quer provar aos portugueses que nunca gostou do líder do PSD, nunca se misturou com ele e que prestou um grande serviço ao país ao abatê-lo.  
Espera, claro, recompensa nas urnas... como  partido regenerado que cortou com o passadismo,  seja com Rui Rio, Morais Sarmento, Paulo Rangel ou mesmo Alexandre Relvas...
No fim, ganhe este novo PSD ou o PS de António José Seguro (que alinha com o actual sistema e não apresenta alternativas credíveis), o país está sempre entalado 
Sem um vendaval na vida política portuguesa antes que seja tarde, novos partidos, novos actores políticos e sociais, novas propostas e rupturas, isto já não vai lá. Talvez uma coisa à islandesa, ou à egipcia.
Vitor Gaspar apelou ontem na SIC à formação de movimentos cívicos para lutar contra os interesses que cativaram o Estado. É a primeira vez que um ministro e um político o diz em Portugal com tanta clareza. E é o espelho da impotência do governo, prenúncio do que aí pode vir. Portugal pode estar à beira da sua Praça Tahrir.  

"As espadas"

 Pedro Santos GuerreiroEditorial, J.Negócios
O Governo estragou tudo. Tudo. Estragou a estabilidade política, a paz social, estragou aquilo que entre a revolta e o pasmo agregava o país: o sentido de que tínhamos de sair disto juntos. Sairemos disto separados? Hoje não é dia de escrever com penas, é dia de escrever de soqueira.

Passos Coelho, Gaspar e Borges estiveram fechados em salas tempo de mais. Esqueceram-se que cá fora há pessoas. Pessoas de verdade, de carne, osso, pessoas com dúvidas, dívidas, família, pessoas com expectativas, esperanças, pessoas com futuro, pessoas com decência. Pessoas que cumpriram. Este Governo prometeu falar sempre verdade. Mas para falar verdade é preciso conhecer a verdade. A verdade destas pessoas. Quando o primeiro-ministro pedir agora para irmos à luta, quem correrá às trincheiras?

Não é a derrapagem do défice que mata a união que faz deste um território, um país. É a cegueira das medidas para corrigi-lo. É a indignidade. O desdém. A insensibilidade. Será que não percebem que o pacote de austeridade agora anunciado mata algo mais que a economia, que as finanças, que os mercados - mata a força para levantar, estudar, trabalhar, pagar impostos, para constituir uma sociedade?

O Governo falhou as previsões, afinal a economia não vai contrair 4% em dois anos, mas 6% em três anos. O Governo fracassou no objectivo de redução do défice orçamental. Felizmente, ganhámos um ano. Mas não é uma ajuda da troika a Portugal, é uma ajuda da troika à própria troika, co-responsável por este falhanço. Uma ajuda da troika seria outra coisa: seria baixar a taxa de juro cobrada a Portugal. Se neste momento países como a Alemanha se financiam a taxas próximas de 0%, por que razão nos cobram quase 4%?

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

"O Cretino do Nuno Magalhães"

(Artigo retirado daqui)
Da Comunicação Social:
Para o líder parlamentar Nuno Magalhães, as medidas anunciadas por Passos Coelho são «conforme a Constituição» e evitam um «segundo chumbo» do Tribunal Constitucional, que «seria manifestamente negativo».
O líder parlamentar do CDS entende que o anúncio feito esta sexta-feira por Passos Coelho não pode ser considerado um aumento de impostos.
Reagindo à declaração ao país feita por Passos Coelho, Nuno Magalhães notou que o chefe do Governo disse que «não haveria aumento de impostos com estas medidas, como percebem que não há».
Para este deputado democrata-cristão, as medidas anunciadas são «conforme a Constituição» e evitam um «segundo chumbo» do Tribunal Constitucional, que «seria manifestamente negativo».
«Tem em conta a equidade que é necessária, nomeadamente distinguindo o que deve ser distinto: o público e o privado», adiantou Nuno Magalhães, que lembrou a «garantia e segurança do trabalho» e o «nível salarial médio» é diferente nestes setores.
Que Nuno Magalhães seja burro, é lá com ele, mas que queira fazer os outros burros, isso não.
Formalmente o que aumentou não foi um imposto foi uma taxa e a diferença legal entre uma taxa e um imposto é que, embora ambos sejam pagamentos ao Estado, a taxa distingue-se do imposto por ser um pagamento de um serviço e o que aumentou foi uma taxa, a taxa social que é o pagamento ao Estado pela Segurança Social.
Mas, para o cidadão comum é irrelevante que o que aumenta seja uma taxa ou um imposto, o que lhe interessa é que, na prática, aumentou os seus pagamentos ao Estado.
Uma das razões porque os políticos estão tão mal vistos é exactamente por dizerem idiotices como estas do Nuno Magalhães.
Para que conste, Nuno Magalhães é o cretino que aparece nesta foto onde parece fazer uma saudação nazi:

Leba a maria contigo carago!



Dois gajos do Porto discutem sobre férias, e diz o primeiro:
- Este ano num bou seguir os teus cunseilhos!
- Atão e porquê?
- Atão, em nobenta e oito sujeriste-me o Habay. Eu fui e a Maria engrabidoue! Em nobenta e nóbe sujeriste-me a Republica Dóminicâna.
Eu fui e a Maria engrabidoue! Em dois mil mandaste-me pró Brazil. Eu
fui a Maria engrabidoue! Arre porra, não confio mais em ti, carago!
- Deixa-te de coisas! Este ano bai mas é às Ilhas Seixales, mas tens
que tomar um cuidado!
- Cuidado! que cuidado?
- Desta bez leba a Maria cuntigo, carago!!!