Vasco
Graça Moura – DN
Vemos
a cada dia que passa que os portugueses não sabem nada, ou praticamente nada,
sobre o seu país. A ignorância histórica atinge as raias da obscenidade. Quando
muito refastelamo-nos nuns ecos idiotas do tempo dos Descobrimentos, mal sabendo
do que estamos a falar. Da Geografia, seja física, seja humana, ainda menos.
Não conhecemos bem o território que habitamos, nem a relação da nossa vida com
ele. Temos uma frequência sumariamente turística e petisqueira com alguns
lugares mais promovidos.
Da
cultura portuguesa e no que toca às artes, fora este ou aquele monumento mais
visitados ao domingo durante a volta dos tristes, somos de uma fúnebre
obtusidade. Da língua, estamos falados. Não me refiro apenas ao desconhecimento
da sua história. Sucessivas gerações ligadas ao ensino têm dado cabo dela e
contribuído para o seu abastardamento. Práticas diárias na comunicação social
coadjuvam essa torpeza. É estropiada por toda a gente em todas as áreas do
quotidiano e do saber. Da Literatura, depois de décadas em que o ensino andou
divorciado dela ou se dedicou a exercícios metodológicos que corresponderam ao
seu assassínio progressivo, vivemos numa ignorância deprimente.
Sem comentários:
Enviar um comentário