Pedro
Nuno Santos, jornal i
Quem
não consegue governar com a Constituição da República Portuguesa devia ir
embora e deixar a governação para quem sabe e quer, de facto, cumprir a lei
máxima de Portugal. Não há nada de especial com a Constituição do nosso país,
os princípios que têm sido invocados pelo coletivo de juízes do Tribunal
Constitucional, para o chumbo de várias normas, estão previstos em qualquer
Constituição do mundo democrático. Os princípios da igualdade, da
proporcionalidade e da confiança são os princípios que nos asseguram que
vivemos num estado de direito, que nos protege de abusos, inclusivamente, de
governos legitimamente eleitos. A nossa Constituição obteve até um raro
consenso na sua origem em 1975, não teve um único voto contra - foi aprovada
apenas com a abstenção do CDS.
É
marcada pela história como qualquer outra no mundo, nenhuma foi redigida
isolada do seu contexto histórico e as revisões servem para a adaptar ao avanço
do tempo e importantes mudanças – talvez até demais – já foram feitas ao texto
original. Depois de três Orçamentos do Estado com normas importantes declaradas
inconstitucionais ficamos com a certeza de que somos governados por gente
incompetente e provocadora, que brinca aos governantes num país de verdade, com
pessoas de carne e osso e com problemas reais. A Constituição da República
Portuguesa devia ser uma aliada do governo português nas suas negociações com a
troika mas, em vez disso, é atacada. Devia ser um instrumento negocial mas é
encarada como um obstáculo. Devia ser motivo de orgulho mas o governo pede
desculpas por ela existir. O governo português deveria agora aproveitar este
chumbo para exigir uma flexibilização da meta orçamental para 2014 e, desta
forma, proceder como o governo alemão, que de cada vez que quer travar uma
reforma importante na zona euro invoca o seu próprio Tribunal
Constitucional.
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