Ana
Sá Lopes, jornal i
O
problema dos cortes aos reformados vai muito para além do confisco de direitos
O
plano B que o governo sempre jurou que não existia para o chumbo das pensões
pelo Tribunal Constitucional foi ontem dado à luz pelo conselho de ministros.
Confirma-se que não havia plano B: os reformados são a carne para canhão deste
governo, o alvo do tiro na guerra do défice, a vítima da revolução que vai
extinguir de vez em Portugal e na Europa conceitos políticos antigos como
social-democracia e democracia-cristã.
Para
o poder em vigor, os contratos com os reformados são aqueles que podem ser
alterados à vontade, sem que existam riscos de o Estado ser obrigado a pagar
milhões. Com os ricos não se brinca - os governos nunca brincam com os ricos e
basta ver as parcerias público-privadas e outros contratos dantescos,
impossíveis de mexer porque estão em causa cláusulas inamovíveis. Não é de estranhar
que enquanto Passos Coelho afirma que a crise "foi um custo que quase toda
a gente teve que suportar pelas medidas difíceis", os últimos números
disponíveis indiquem que em Portugal os ricos estão cada vez mais ricos e os
pobres cada vez mais pobres.
Uma
vez que não existem "cláusulas" de protecção do contrato realizado
entre o Estado e reformados - para surpresa de todos, a Contribuição
Extraordinária de Solidariedade passou no ano passado no Tribunal
Constitucional - opta-se pela medida mais fácil. Aguarda-se agora a decisão do
Tribunal Constitucional, reconhecendo-se que é um facto que a CES passou no TC
com a presunção de que era transitória e poupava os menos "ricos". (Ler mais...)
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