O
limiar de sustentabilidade da dívida pública de um país anda nos 60% do seu
PIB. Como a dívida portuguesa vai nos 130% e não há forma de, nos próximos
anos, o Estado ter superávites orçamentais, continuaremos a pedir emprestado
para pagar as nossas despesas. Resultado, a dívida pública portuguesa é cada
vez maior e menos pagável. Alheados disto, o governo e a doce oposição discutem
a melhor forma de tirar a troika daqui para fora. Já se sabe que no dia 13 de
Maio, este agrupamento de malfeitores vai a Fátima rezar pela expiação dos seus
pecados e que, depois de fazerem as malas durante o fim-de-semana, deixam
Lisboa no dia 17.
Mas
enquanto uns se excitam com a possibilidade de uma saída limpa (quer dizer, sem
o humilhante aval dos nossos parceiros europeus), outros preferem a saída suja
(quer dizer, com o reconfortante aval dos nossos parceiros europeus). Mas esta
discussão é a mesma coisa que importunar um doente em estado crítico, para
saber se ele vai pagar os seus tratamentos com dinheiro ou multibanco (o que o
homem quer saber é como se cura da sua maleita). O que nos acontecerá quando a
dívida pública atingir os 135, 140, 150% do PIB? Se sairmos de uma forma limpa,
quem é o credor que daqui a um ou dois anos nos continuará a emprestar
dinheiro? E se sairmos da forma suja, até quando vão os senhores da Europa
garantir-nos o seu aval? É certo que hoje Portugal beneficia de uma imprensa
internacional favorável, que nos distingue até como um milagre económico. Mas,
de facto, a nossa condição económica e financeira é muito pior do que há dois
ou três anos atrás (mais défice, mais dívida, mais desemprego, menos PIB). Em
Portugal, não há nenhum milagre económico. Há é um buraco cada vez maior e bem
à nossa frente. Milagre era saber como o vamos pagar
José Diogo Madeira, jornal i
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