Uma
das maiores injustiças praticadas por este governo foi a sanha com que resolveu
atacar os pensionistas. Em lugar de procurar assegurar uma equitativa
distribuição dos sacrifícios, o Estado resolveu incumprir os compromissos que
tinha assumido no sistema de pensões, efectuando cortes brutais em pensões já
atribuídas. Essa medida, além de atirar para a miséria pessoas que não têm
qualquer alternativa para obter outros rendimentos, descredibiliza
completamente o sistema de pensões, pois ninguém estará na disposição de
descontar para um sistema que já se declarou relapso no pagamento.
O
governo resolveu, no entanto, solicitar ajuda para fundamentar essas medidas, e
lá apareceram uns teóricos a cantar loas às mesmas, a pretexto de que se
destinariam a assegurar uma justiça intergeracional.
A
razão para os pensionistas verem as suas pensões cortadas já não seria assim a
necessidade de cumprir o défice de hoje, mas sim o facto de ser preciso
assegurar os direitos dos futuros pensionistas. Ou seja, a razão de se
sacrificarem direitos adquiridos a pensões em pagamento residiria em direitos
de pessoas que ainda não descontaram para a segurança social. O argumento não
passa de uma falácia. Os pensionistas de hoje têm tanto direito a receber como
os demais credores do Estado. Quanto aos futuros, o facto de o sistema não
entrar hoje em incumprimento é a melhor garantia de que continuará a assegurar
no futuro as pensões. Tudo o resto são desculpas de mau pagador.
Luís
Menezes Leitão, Professor Faculdade Direito Lisboa-Jornal i
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