Ajustamento
custou mais 21 mil milhões do que estava previsto.
A
estratégia da troika e do governo custou ao país mais 21 mil milhões do que
previsto, culpa de tentar cumprir tudo à força, sem olhar a meios
Desde 2010, as
empresas com lugar no principal índice bolsista português desvalorizaram quase
5 mil milhões de euros. Os bancos que podem continuam a virar as costas ao
país. Há cada vez mais empresas a distribuir lucros por accionistas
estrangeiros - EDP, REN, Portugal Telecom... Os centros de decisão nacional
mudaram de nacionalidade, os contribuintes pagam um nível recorde de impostos que
alimentam uma crescente factura com juros devidos a entidades estrangeiras. O
Portugal pós-troika é um país descapitalizado onde as últimas réstias de
liquidez desaparecem a cada dia que passa. Estamos pior, não cumprimos o
programa e as metas foram atingidas através da fórmula de "maquilhagem de
contas", com o beneplácito de instituições já demasiado vinculadas à
austeridade. Aliás, como também estão a fazer na Grécia.
Portugal chega ao fim
do ajustamento com mais 40 mil milhões de euros de dívida que o previsto pela
troika para o fim de 2014, culpa de ter acumulado mais 5,4 mil milhões de euros
em défices que o previsto e de o PIB ter contraído mais 9 mil milhões que
aquilo que foi previsto em meados de 2011. A análise, comparando as previsões
iniciais para o período de 2012-2014 com a realidade ou as mais recentes
projecções, mostra que o recurso à expressão "sucesso" para definir o
ajustamento dos últimos anos não passa de propaganda em tempo de campanha
eleitoral. Veja-se aliás que ainda na semana passada o governo comparava o fim
do ajustamento com um novo 25 de Abril.
De forma rápida, as
contas ao programa de ajustamento e suas metas ficam assim: quando
comprometeram Portugal ao programa de ajustamento, este previa que no final de
2014 o PIB estivesse nos 174,3 mil milhões, a dívida pública nos 198,7 mil
milhões, tendo Portugal acumulado 16,6 mil milhões de défice em 2012, 2013 e
2014 - os três exercícios completos com o programa de austeridade em
funcionamento. Ora, e pela mesma ordem, no final deste ano o PIB não vai chegar
a 168 mil milhões - ou seja, mais 9 mil milhões de recessão que o previsto -, a
dívida rondará os 216 mil milhões - são mais 40 mil milhões - e a economia
portuguesa acumulou um défice total de 22 mil milhões - mais 5,4 mil milhões
que o inicialmente delineado. Não fosse isto suficiente, mas é ainda de
sublinhar que todas estas derrapagens ocorreram apesar da austeridade acumulada
nestes anos, que no plano inicial rondaria os 18 mil milhões de 2011 a 2014,
dois terços dos quais "pela despesa", está quase a superar os 30 mil
milhões, quatro quintos dos quais pela receita. Feitas as contas, foram
exigidos mais 12 mil milhões de euros aos contribuintes para resultados piores
9 mil milhões de euros. A troika ficou assim 21 mil milhões de euros mais cara
que o previsto.(Ler artigo complecto)
Filipe Paiva Cardoso, jornal
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