Ao
contrário do que se passou na Grécia onde o Syriza serviu para agregar vários
partidos da extrema-esquerda em torno de um programa e, assim, federar o
descontentamento, em Portugal, a esquerda insiste na fragmentação. Além dos
partidos tradicionais, PCP e Bloco, há uma paleta imensa de forças políticas e
associações que, movidas pelo sectarismo e pelos ódios pessoais, se mostram
incapazes de se juntar. E essa é apenas uma das razões que ajuda a explicar
porque razão a esquerda radical cá do burgo não conseguirá repetir o feito do
Syriza. Outra, bem mais estruturante, é que, de facto, Portugal não é a Grécia.
Com um número de habitantes mais ou menos semelhante nos dois países, os gregos
têm uma taxa de desemprego (27%) que é o dobro da portuguesa.
Por
mais elevado que seja, e é, o desespero dos portugueses não atingiu ainda a
cólera e a humilhação dos gregos. A juntar a isto, não se vislumbra no panorama
político português nenhum líder com o carisma e a capacidade de mobilização de
Alexis Tsipras. Por fim, e este talvez seja o ponto mais importante, ao
contrário do Syriza que se assumiu como verdadeira alternativa de poder, os
partidos mais à esquerda em Portugal preferem a comodismo da oposição e a
comodidade de não terem de assumir responsabilidades governativas. Enquanto se
comportarem assim, os portugueses nunca vislumbrarão ali alternativa.
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