Se
há uma pessoa que personifica o actual sistema político e económico português,
essa pessoa chama-se Aníbal Cavaco Silva.
Ninguém
melhor do que ele simboliza a decadência do regime, a opacidade do seu
funcionamento, a promiscuidade entre o poder político e o económico e
financeiro, a descredibilização das instituições democráticas e a falência do
sistema de justiça. Basta atentar na sua mensagem de Ano Novo, onde, entre
outras pérolas, apela ao voto nos dois principais partidos do sistema, para –
disse ele – obstar ao populismo. Cavaco Silva iniciou a sua ascensão política
contra o Bloco Central (coligação entre o PS e o PSD) e acaba a defender um
entendimento entre esses dois partidos porque ele sabe como ninguém quão
convergentes são os interesses das respetivas clientelas político-económicas.
Descontando o tempo em que foi ministro de Sá Carneiro e o da conspiração que
se lhe seguiu contra um governo liderado pelo seu próprio partido, Cavaco
esteve no poder dez anos como primeiro-ministro e outros dez como Presidente da
República. Mas fala da política e dos políticos com a hipócrita repugnância de
quem não desce a esse nível, esperando assim obter os benefícios de dois mundos
incompatíveis. Eis um exemplo – aqui sim – do mais primário populismo. Pelo
meio compra e vende ações (que não estavam no mercado) do BPN com lucros
superiores a 100 por cento, torna-se proprietário de uma mansão de milionário,
apoiou (-se em) Dias Loureiro, Duarte Lima, Oliveira e Costa, os quais fizeram
fortunas ao seu lado. Além disso, traiu Fernando Nogueira (a quem devia o lugar
de presidente do PSD), promoveu Durão Barroso, desvalorizou o escândalo Costa
Freire-Zézé Beleza e o dos perdões fiscais e usou grande parte dos fundos
comunitários para puro eleitoralismo. Que lugar terá na história um Presidente
da República que garantia aos portugueses a idoneidade de um banco (o BES)
apenas três semanas antes de esse banco se desfazer escandalosamente? Sem
dúvida que ele será olhado no futuro como o símbolo e principal responsável
político de um modelo financeiro que, com a cumplicidade dos partidos do
sistema, funcionou como um casino até se desmoronar estrondosamente.
Marinho
e Pinto-eurodeputado (in CM)
Obrigada pelo comentário. Olá sou Gi e aposentada tb.
ResponderEliminarKis :>}
AvoGI: o seu blog está "aqui" na parte lateral direita (o que eu leio) onde acompanho o que escreve.
ResponderEliminarVou estando informado...
A.R.