Pedro Nunes Santos-jornal i
Ontem foi aprovado o
Orçamento do Estado para o ano de 2014, mais um que prossegue a estratégia
austeritária que tem sido imposta ao país nos últimos anos. Os resultados desta
estratégia são conhecidos - empobrecimento generalizado, emigração e destruição
de capacidade produtiva - e não serão invertidos com a sua repetição. Um país
que perde população qualificada às dezenas de milhares por ano, que comprime o
consumo privado e reduz a quase zero o investimento público em infra-estruturas
essenciais ao seu desenvolvimento é um país sem futuro. Acresce a este cenário
negro a ausência de uma estratégia para o desenvolvimento industrial do país. O
país beneficiará de mais de 20 mil milhões de euros de fundos comunitários nos
próximos sete anos e a única coisa que sabemos por parte do governo é que vai
ser dada prioridade às pequenas e médias empresas, à sua internacionalização e
aos sectores de bens transaccionáveis. Não sabemos, ao dia de hoje, qual a
visão do governo para a nossa economia, quais os sectores a privilegiar e que
tipo de investimento por parte das empresas será apoiado. O que o discurso do
governo e do ministro da Economia nos indica é que ou não têm uma visão para o
país e uma estratégia para a sua concretização ou consideram, por razões ideológicas,
que não deve ser o Estado a decidir a que sectores e áreas de investimento se
deve dar prioridade. É óbvio que devem ser as próprias empresas a decidir onde
investir os seus próprios recursos, mas quando se trata de dinheiro público o
Estado tem de assumir as suas responsabilidades e ter um papel activo na
definição de uma política industrial para a economia nacional. O governo
anterior tinha uma estratégia para o desenvolvimento industrial do país e,
apesar de a sua concretização ter sido travada pelo actual governo, produziu
resultados que continuarão a dar frutos nos próximos anos. A aposta do governo
socialista na mobilidade eléctrica permitiu, entre outras coisas, que uma
empresa nacional - a Efacec - entrasse num sector de fronteira tecnológica e se
viesse a transformar numa empresa de nível mundial na área dos carregadores
eléctricos e da mobilidade eléctrica.
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