quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Ausência de visão estratégica!


Pedro Nunes Santos-jornal i
Ontem foi aprovado o Orçamento do Estado para o ano de 2014, mais um que prossegue a estratégia austeritária que tem sido imposta ao país nos últimos anos. Os resultados desta estratégia são conhecidos - empobrecimento generalizado, emigração e destruição de capacidade produtiva - e não serão invertidos com a sua repetição. Um país que perde população qualificada às dezenas de milhares por ano, que comprime o consumo privado e reduz a quase zero o investimento público em infra-estruturas essenciais ao seu desenvolvimento é um país sem futuro. Acresce a este cenário negro a ausência de uma estratégia para o desenvolvimento industrial do país. O país beneficiará de mais de 20 mil milhões de euros de fundos comunitários nos próximos sete anos e a única coisa que sabemos por parte do governo é que vai ser dada prioridade às pequenas e médias empresas, à sua internacionalização e aos sectores de bens transaccionáveis. Não sabemos, ao dia de hoje, qual a visão do governo para a nossa economia, quais os sectores a privilegiar e que tipo de investimento por parte das empresas será apoiado. O que o discurso do governo e do ministro da Economia nos indica é que ou não têm uma visão para o país e uma estratégia para a sua concretização ou consideram, por razões ideológicas, que não deve ser o Estado a decidir a que sectores e áreas de investimento se deve dar prioridade. É óbvio que devem ser as próprias empresas a decidir onde investir os seus próprios recursos, mas quando se trata de dinheiro público o Estado tem de assumir as suas responsabilidades e ter um papel activo na definição de uma política industrial para a economia nacional. O governo anterior tinha uma estratégia para o desenvolvimento industrial do país e, apesar de a sua concretização ter sido travada pelo actual governo, produziu resultados que continuarão a dar frutos nos próximos anos. A aposta do governo socialista na mobilidade eléctrica permitiu, entre outras coisas, que uma empresa nacional - a Efacec - entrasse num sector de fronteira tecnológica e se viesse a transformar numa empresa de nível mundial na área dos carregadores eléctricos e da mobilidade eléctrica.

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