Que, após
anos de alternância entre o PS e o PSD (ou PSD/ CDS), sem que a alternância
governativa tenha significado alternância de políticas económicas, a democracia
portuguesa foi conduzida a um beco aparentemente sem saída, já se sabia; que a
tutela absoluta da "troika" sobre essas políticas e sobre a acção dos
partidos do chamado "arco da governação" afunilou ainda mais qualquer
hipótese de saída de tal situação no actual quadro político, também já se
sabia; não se sabia era que os desesperançados eleitores portugueses tivessem
plena consciência de tudo isso, embora fosse possível suspeitá-lo pelo
crescimento galopante dos números da abstenção (bastará dizer que, tendo em
conta a abstenção e os votos brancos e nulos, o PSD alcançou o Governo
representando pouco mais de 20% dos portugueses).
A
sondagem agora realizada pela Universidade Católica para a RTP comprova o pior:
quase dois terços (62%) dos eleitores consideram mau ou muito mau o desempenho
do Governo em funções, mas três quartos (73%), olhando em volta para as
alternativas viáveis - que é como quem diz para o PS - não vê que valha a pena
mudar de Governo por um outro que, com mais ou menos leis do aborto ou do
casamento homossexual, faça exactamente a mesma coisa.Quando os eleitores concluem que tanto dá votar como não votar porque o resultado será o mesmo, a democracia está gravemente doente e madura para qualquer aventura populista
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