Certa manhã, minha avó,
uma sábia, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.
Ela deteve-se numa
pequena clareira e depois de um pequeno silêncio perguntou-me:
-Além do cantar dos
pássaros, estás a ouvir mais alguma coisa?
- Estou a ouvir o
barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse
minha avó, é uma carroça vazia.
Perguntei a minha avó:
-Como pode saber que a
carroça está vazia se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu minha
avó. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho.
Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.
Tornei-me adulto, e até
hoje, quando vejo uma pessoa: falando demais, gritando (no sentido de
intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente,
interrompendo a conversa de toda a gente e, querendo demonstrar que é dona da
razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz de minha avó a
dizer:
“Quanto mais vazia a
carroça, mais barulho ela faz…”
Retirado (e modificado) da internet
por António Rosa
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